

Novas Diásporas
Como a migração e o controle social constroem complexos diagramas de poder entre os territórios do Hemisfério Sul? Esta é a questão que guia o projeto Novas Diásporas, apoiado pelo Goethe-Institut. O projeto tem como propósito gerar conhecimento através das vozes dos próprios protagonistas da migração e oferecer um espaço de escuta e compartilhamento das experiências vividas pelos migrantes e equacionadas com diferentes campos de conhecimento.
Episódio Venezuela (2018)
O Episódio Venezuela tem como centro a investigação-ação sobre os processos democráticos e anti-democráticos que atravessam a América Latina, tendo a Venezuela e a cidade de Caracas como cenário de investigação, e os novos fluxos migratórios que se estabelecem nos últimos anos.
Berço do Libertador Simón Bolívar, a Venezuela é uma país cuja história se confunde com a história da independência e da luta contra a dominação colonial na América Latina. Esse passado está intensamente presente nas disputas políticas atuais do país a partir de uma disputa simbólica em torno do seu legado. A existência de grandes reservas de petróleo marcou o desenvolvimento venezuelano, dando origem a uma sociedade extremamente desigual. Caracas é a maior expressão dessa desigualdade, com uma pequena área da cidade extremamente rica e uma maioria do território com condições muito precárias de moradia e infraestrutura.
Caracas foi apontada, em 2017 como "a cidade mais violenta do mundo", com 130,35 homicídios por 100 mil habitantes, e a situação de crise econômica e política no país tem se agravado.
Os pedidos de refúgio de venezuelanos cresceram mais de 22.000% nos últimos três anos em Roraima, saltando de 09 solicitações em 2014, para 3.181 somente nos quatro primeiros meses de 2017. Em 2016, a Venezuela foi o país de origem de 30% dos solicitantes de refúgio no país.
O impasse entre o Congresso eleito em 2015, dominado pela oposição e a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, dominada pelo governo e que decidiu por unanimidade assumir as competências legislativas do Parlamento, tem acentuado as jornadas de manifestações contra e a favor do governo nas ruas.
Após a eleição presidencial, que garantiu mais um mandato para Nicolás Maduro com 68% dos votos, contra o opositor Henri Falcón (21%), o Brasil, os EUA e mais 12 países não reconhece a legitimidade do processo eleitoral realizado pela Venezuela no domingo. O projeto pode registrar o processo eleitoral de dentro da Venezuela com diversas entrevistas entre opositores e apoiadores de Maduro.
O evento Episódio Venezuela contou com o lançamento da cartografia, precedidos de debates através das vozes dos próprios protagonistas da migração venezuelana em São Paulo, de experiências culinárias venezuelanas e apresentação musical com músicos venezuelanos.

Episódio Senegal (2017)
Seguindo o esforço de reflexão sobre o ciclo de migração que surge nas últimas décadas entre os países do Hemisfério Sul, o projeto Novas Diásporas propôs para a sua nova edição em 2017 um olhar aprofundado em relação ao Senegal.
A imigração senegalesa no Brasil é recente. Apesar de o Senegal não ter conflitos internos como vários países do continente africano, ainda é um dos países mais pobres do mundo (sendo um dos 25 países com o pior IDH), o que motiva os senegaleses a saírem de seu país em busca de vida melhor. O Brasil se tornou atraente para este povo a partir dos anos 2000, quando o país sul-americano começou a ter mais projeção no exterior. Os senegaleses representam hoje o segundo maior grupo com pedidos de refúgio no Brasil, atrás apenas dos haitianos.O projeto Novas Diásporas: episódio Senegal previu a realização de viagem de pesquisa em Dakar pelo artista Daniel Lima (Frente 3 de Fevereiro) e a produtora Raquel Borges, uma oficina de vídeo com um grupo de senegaleses. Por fim realizou-se um evento aberto com música, gastronomia do país, apresentações audiovisuais e performances. Tanto as apresentações como os debates que a prosseguiram contaram com participação dos protagonistas da migração.
Teranga – Novas Diásporas – Senegal [video]

Episódio Haiti (2016)
A primeira edição do Novas Diásporas concentrou-se na imigração do Haiti para o Brasil. “O Haiti é a primeira e única nação criada a partir de uma revolução escrava e pode ajudar a criar uma narrativa da nossa história de resistência”, reflete o artista visual Daniel Lima, idealizador do projeto.
A primeira edição do Novas Diásporas concentrou-se na imigração do Haiti para o Brasil. “O Haiti é a primeira e única nação criada a partir de uma revolução escrava e pode ajudar a criar uma narrativa da nossa história de resistência”, reflete o artista visual Daniel Lima, idealizador do projeto.
Tomando o país como laboratório e símbolo de luta quilombola transcontinental, o episódio incluiu várias atividades, entre elas uma oficina de edição de vídeo para imigrantes haitianos, durante a qual se trabalhou material bruto colhido por Lima e pelo pesquisador Felipe Teixeira na capital haitiana Porto Príncipe. Os dois estiveram no país em 2015, a fim de investigar a militarizacão do país e o controle social praticado pela Minustah - A Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti
No Goethe-Institut aconteceu um debate performático aberto ao público, com diferentes formatos: apresentações audiovisuais, grupos de trabalho, palestras curtas e experiências culinárias. Além da participação de Daniel Lima, o evento contou com a atriz e MC Roberta Estrela D’Alva, o diretor musical Eugênio Lima, o pesquisador Felipe Teixeira, a artista visual zimbabuense Lucia Nhamo e o fotojornalista haitiano Pierre Michel Jean, além de músicos haitianos.
Nou Pap Obeyi – Novas Diásporas – Haiti [video]

Roberta Estrela d'Alva
Artista, ativista
BrasilCofundadora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, companhia teatral que inaugurou o teatro hip-hop no Brasil. Vencedora de vários prêmios em Slam, entre eles no lendário Green Mill.
Fedo Bacourt
Educador
HaitiÉ formado em Ciência da Educação e Pedagogia pela Universidade Internacional do Haiti, e coordenador da associação União Social dos Imigrantes Haitianos (USIH).
Marie Rose Laure Jeanty
Atriz
HaitiEstudou Medicina na Universidade Tecnológica de Santiago (República Dominicana), mas não concluiu a graduação. No Brasil, atuou na peça Cidade Vodu. É tesoureira da associação União Social dos Imigrantes Haitianos (USIH).
Paolo Parise
Teólogo
Itália/BrasilÉ doutor em Teologia pela Pontifícia Universitá Gregoriana de Roma. Dirige o Centro de Estudos Migratórios de São Paulo e coordena a Missão Paz São Paulo.
Patrick Deudonne
cineasta e produtor
HaitiCom dupla formação em Cinematografia e em Relações Internacionais pela CEDI (2004), dirige a produtora Diamond Filmes. Produziu os grupos de hip hop: Haiti Rap Clan, Clan Fatal, e Surprise 69!
Joel Orelien
Músico e ator
HaitiFormado em Administração de Empresas pela Université Publique de l’Artibonte aux Gonaives, é ator na peça Cidade Vodu - Teatro de Narradores.
Evens Predestien
Professor e músico
HaitiÉ professor de História, Matemática e Francês.
Eugênio Lima
DJ, diretor musical, pesquisador, coreógrafo e ator-mc
BrasilÉ membro fundador dos coletivos artísticos Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, Frente 3 de Fevereiro e Banda Cora. É pesquisador de cultura hip-hop. É apresentador do programa “Vitrola Livre”, da rádio UOL. Foi fundador do Sub Club, Soul Family e Urbano Soul. No Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, foi indicado ao Prêmio Panamco de Melhor Trilha; direção musical e atuação em Acordei que Sonhava, e atuação e direção musical em Orfeu Mestiço – Uma Hip-Hópera Brasileira.
Louides Charles
Músico
Haiti
É maestro da Satellite Musique, banda formada por haitianos no Brasil desde janeiro de 2014, que toca ritmo típico do Haiti chamado compass.
Berhman Garçon
Jornalista, cineasta e radialista
Haiti
Mestrando em Antropologia Social, desenvolve projeto de pesquisa sobre a história do cinema haitiano no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É bacharel em Jornalismo pelo Departamento de Ciências do Desenvolvimento da Université Polyvalente D’Haïti (UPH).
Lucia Nhamo
Artista
ZimbábueZimbabuense com base na África do Sul, explora contranarrativas e relações de poder através de performances, vídeos e esculturas, englobando especialmente em seu trabalho questões sobre identidade racial e cultural. É uma das residentes da Lanchonete.org, como premiação pela sua participação na Bienal de Bamako.
Pierre Michel Jean
Fotojornalista
HaitiVive e trabalha em Porto Príncipe, Haiti. No decorrer de seus estudos em Comunicação Social, descobriu a fotografia que viria a estudar mais tarde. Participou de diversos cursos com fotógrafos como Dave Damoison, Gaël Turine, Chéry Dieu Nalio, Paolo Woods. Em 2013, foi selecionado para representar o Haiti nos Jogos da Francofonia em Nice, na França. Já expôs suas fotos em exposições coletivas no Haiti e no exterior.
Massar Sarr
Editor audiovisual
Senegal / BrasilMassar Sarr é senegalês radicado no Brasil desde 2009. É secretário da Associação Senegalesa de São Paulo e da Associação Religiosa Muride Cheick Ahmadou Bamba. Foi conselheiro da sub-prefeitura da Sé para assuntos relacionados a imigrantes.
Fatou Sy
Editora audiovisual
Senegal / BrasilFatou Sy é senegalesa de Dakar e está radicada no Brasil há três anos. Possui formação profissional em francês e informática. Em São Paulo, trabalha com comércio.
Saliou Sene
Músico
Senegal / BrasilSaliou é um músico senegalês nascido em Mbour, uma pequena cidade próxima de Dakar. Como parte da etnia Laobé, se dedicou desde cedo ao artesanato, sobretudo à construção de djambês. Em São Paulo há cinco anos, realiza apresentações com a sua banda, confecciona instrumentos e dá aulas de percussão. Pertencente à comunidade sufi-islamita de São Paulo.
Will Robson
DJ e produtor musical
Senegal / BrasilWill Robson é dj e produtor musical. Atuante na cena musical desde 1994, Will desenvolve também trilhas para cinema e teatro. Estuda a música e a cultura africanas e integra o coletivo Frente 3 de Fevereiro.
Baye Fall African Rythms
Grupo musical
Senegal / Brasil
Grupo de jovens percussionistas do Senegal que se juntou no ano de 2015 em São Paulo. Pertencem à comunidade sufi-islamita, especificamente ao ramo Baye Fall do muridismo.
Abou Sidibé
Músico
Guiné-Conacri / BrasilAlém de músico, é contador de histórias, escritor e bailarino nascido em Boké, na Guiné-Conacri. Radicado em São Bernardo do Campo desde 2012, é coordenador do Balé Fareta Sidibé. Acompanhado da kora, conta histórias da cultura e das tradições da Guiné.
Kunta Kinté
Músico, produtor e documentarista
SenegalNome artístico de Ali Gueye, de Dakar. Formado em língua inglesa e engenharia de transportes, optou por seguir carreira artística. Em 2011, foi um dos contemplados com uma residência artística e shows pelo Brasil, África e França pelo Projeto DIGIBAP, da Aliança Francesa. Está produzindo seu primeiro disco.
Fatima Diouf
Cantora
Senegal/BrasilFatima Diouf é uma cantora senegalesa da cultura griô – contadores de histórias responsáveis por manter vivas as lendas e costumes de seu povo. É vocalista da banda Senegal Sunugal, formada em São Paulo por imigrantes senegaleses. Também confecciona e comercializa roupas africanas.
Astou Coulibaly
Cozinheira
Senegal/BrasilSenegalesa de Dakar, radicada no Brasil em 2011, Astou trabalha com a produção de pratos típicos da culinária senegalesa. Para o evento, Astou produziu o dambé, uma mistura de feijão e carne picante, e o café Touba, típico café senegalês aromatizado com especiarias.
Realização: Goethe-Institut São Paulo, Invisíveis Produções, Fundação Heinrich Böll
Produção-executiva: Raquel Borges
Apoio: Lanchonete.org
Produção-executiva: Raquel Borges
Apoio: Lanchonete.org