Nos últimos meses, as interações de grande parte da população passaram a ser intensamente mediadas por telas, e o corpo e seus sentidos ocuparam um segundo plano. Com os Laboratórios do Sensível, o Goethe-Institut convidapara encontros que focam na nossa capacidade de nos relacionar, apesar e através do distanciamento social necessário que o momento exige. Uma série de lives, oficinas, encontros virtuais e encontros ao ar livre, organizados com todas as medidas sanitárias necessárias, aconteceram gratuitamente de 28 de janeiro a 6 de fevereiro. A primeira experiência motivou a continuidade do projeto, prevista para o primeiro semestre de 2022.
O ponto de partida é o diálogo entre práticas estéticas e estéticas de mulheres e pensamentos ecofeministas que ganharam mais espaço e atenção no Brasil nos últimos anos. Algumas das artistas convidadas já praticam esse diálogo, outras se unem ao projeto em uma transversalidade de caminhos.
Mas o que é ecofeminismo? Desde os anos 1970, essa vertente do feminismo relaciona a exploração de mulheres no patriarcado com a exploração da natureza no capitalismo. Como um se alimenta do outro? Um relatório do Fundo para a População das Nações Unidas deixa claro que são as mulheres que vivem em condições de pobreza as mais afetadas pela destruição da natureza, e as que menos contribuem para a degradação.
Um dos impasses do pensamento ecológico no presente é o discurso da preservação segundo o qual a natureza precisa ser preservada, mantida intacta, separada do mundo social e econômico. Mas a cada crise a ser superada, a natureza segue sendo saqueada, como restos de um Eldorado. Isso acontece tanto com as florestas quanto com nossos afetos, minados e explorados por algoritmos.
Artistas, educadoras, terapeutas e ativistas propõem experimentos nos Laboratórios do Sensível e convidam para despertar os sentidos. São pontos de vista femininos, feministas e por vezes marginalizados, reconhecendo a natureza em nossa volta, nos fluxos, ciclos e afetos da vida. As atividades são abertas a todas as pessoas, não exclusivamente para mulheres, pois todas e todos nós vivemos esses fluxos, convivendo, respirando, nos contagiando, nos cuidando.
Nossa primeira programação foi articulada em eixos que se referiam aos sentidos: ouvir, ver, sentir, mover. Foram 7 dias de evento gratuito, reunindo 24 artistas e 4 coletivos em 15 ações on-line e 4 ao ar livre, respeitando o distanciamento social e as medidas sanitárias.