entre:dramaturgismos convida o público a pensar a prática do dramaturgismo no teatro em diferentes contextos. O evento acontece on-line, entre 8 e 15 de abril, e é composto por três mesas de debates com convidadas e convidados do Brasil e da Alemanha, um espaço para compartilhamento de experiências e formação de redes e lançamento de uma publicação.
Publicação
Confira a publicação digital do entre:dramaturgismos, com textos de cada uma das pessoas convidadas a falar nas mesas de debate de maneira a expandir as considerações sobre os temas trazidos durante as conversações.
O entre: que intitula o evento diz sobre o espaço limiar que o dramaturgismo ocupa no processo teatral, na intermediação de teoria e criação e de pesquisa e produção de sentido. Estar entre: é também um convite a adentrar uma discussão ainda pouco desenvolvida no meio teatral. Com a combinação de debates, encontros e produção bibliográfica, o evento almeja instaurar campos de diálogo e redes de contato para que, dessa entrada, outros caminhos futuros possam surgir e se desenvolver, contribuindo assim para o fortalecimento e a ampliação do campo e, consequentemente, da criação e pesquisa em teatro.
A função do dramaturgista surge no contexto da estrutura teatral alemã, no século XVIII, com as investigações de Lessing sobre que caráter deveria assumir o teatro daquele país, e se desenvolve como uma espécie de crítica interna de processos de criação e da própria instituição teatral, ocupando um lugar limiar entre a criação artística e a teoria, a pesquisa e a crítica. O entendimento sobre esta função e sua prática começam a acontecer, de fato, no contexto brasileiro, por volta do início dos anos 1980, a partir da leitura e tradução de textos dedicados a pensá-la, o que influencia sua adoção por parte dos primeiros grupos de teatro que se interessavam em pensar a dramaturgia da cena.
Com a finalidade de expandir a discussão de uma prática que vem, aos poucos, se tornando mais frequente e pesquisada no Brasil, o recorte curatorial do projeto, nessa primeira fase, enfatiza a experiência das primeiras gerações de dramaturgistas que atuaram no Brasil, e seguem em atividade em processos de criação contemporâneos, e envolvidos e envolvidas, inclusive, com a formação de novas gerações. Entendemos que esse aspecto, de resgate e reconhecimento histórico do dramaturgismo no país, possibilita às pessoas interessadas, tanto aquelas já atuando no campo do dramaturgismo, quanto aquelas que estão começando, um contato consistente com essa trajetória da prática.
Para isso, o evento traz ao encontro do público, nas três mesas de debate, diferentes conhecimentos reunidos pelos mestres e mestras que ocupam esta função – desde a perspectiva da sua atuação prática em processos de criação, ou das contribuições da teoria e da pesquisa para o campo, passando por iniciativas dedicadas à formação em dramaturgismo existentes no país, complementando-os com a apresentação de aspectos do dramaturgismo ainda pouco conhecidos em nosso contexto (caso da sua prática no ambiente institucional e em teatros de repertório).
Na semana seguinte à rodada de debates, finalizando o evento, e com o intuito de também colaborar para o posterior estabelecimento de redes de contato entre dramaturgistas no país, acontece o Espaço Aberto: Redes Possíveis, para o qual serão convidadas, a partir de inscrição prévia, pessoas do público em geral interessadas em fazer parte de um curto período de convivência mais intensa, em plataforma digital, a fim de compartilhar experiências, ampliar as discussões fomentadas pelas mesas, trazer novas questões ao debate e estabelecer conexões mais próximas com outras pessoas dedicadas à prática do dramaturgismo.
Finalmente, em julho, acontece a publicação de uma revista on-line, com textos de cada uma das pessoas convidadas a falar nas mesas de debate de maneira a expandir as considerações sobre os temas trazidos durante as conversações. Desse modo, a iniciativa não se esgota em sua realização pontual, expandindo o seu alcance e contribuindo para a produção de conhecimento e material de referência para pesquisa na área.
PROGRAMAÇÃO
Mesas de Debate
Com interpretação em libras
Transmissão ao vivo no canal Youtube do Goethe-Institut São Paulo: www.youtube.com/goethesaopaulo
Para solicitação de certificados, é necessário efetuar inscrição pelo Zoom para cada mesa e assistir aos debates por este mesmo programa.
Processos contemporâneos motivados pela experimentação e que engendram um percurso de pesquisa teórica e prática, muitas vezes caracterizados pela criação colaborativa, a hibridização das linguagens artísticas, a realização no espaço público, entre outros movimentos, colocam o trabalho artístico em outro patamar de complexidade e repercutem na esfera da prática do dramaturgismo. Esta mesa pretende discutir como se articula a atividade do dramaturgismo dentro do contexto de processos de criação em teatro, tendo em vista estas transformações.
Debatedores: Fátima Saadi e Silvana Garcia Provocador: Cacá Brandão Mediadora: Michele Rolim
Um dos sinais do avanço da prática do dramaturgismo no Brasil é o surgimento de cursos de formação que contemplam o exercício da atividade, como os cursos técnicos de dramaturgia da SP Escola de Teatro, em São Paulo, e da MT Escola de Teatro, em Cuiabá, ambos dedicados também à formação teórica e prática em dramaturgismo. Esta mesa trará à reflexão como se organiza um processo de formação em dramaturgismo, quais saberes e competências ela visa desenvolver, tendo em vista as transformações nos processos de criação contemporâneos, assim como a complexidade dos atributos da função.
Debatedores: Marici Salomão e Edélcio Mostaço Provocadora: Beti Rabetti Mediador: Antonio Duran
A conversa acontece em português e em alemão com tradução simultânea.
Mais comum na Europa, o dramaturgismo institucional se refere tanto à atividade dos teatros de repertório, em que a pessoa responsável pelo dramaturgismo faz parte de uma equipe estável de criação, quanto à atuação em esferas institucionais exteriores ao processo criativo, como a escolha do repertório ou a programação de um teatro independente. Esta mesa contextualizará estas diferentes abordagens da prática do dramaturgismo no âmbito europeu, a fim de trazer ao público uma face da função pouco conhecida em nosso meio e especular se e de que modo ela pode contribuir para a atividade teatral local.
Debatedores: Carmen Hornbostel e Marcus Droß Mediador: Daniel Cordova
15/4/21, quinta-feira, 15h-18h pelo Zoom. A atividade não terá transmissão.
O Espaço Aberto: Redes Possíveis, que encerra o evento entre:dramaturgismos, tem o intuito de colaborar para o estabelecimento de redes de contato entre dramaturgistas no país. Para ele são convidadas a participar, através de inscrição prévia, pessoas do público em geral interessadas em fazer parte de um curto período de convivência mais intensa, em plataforma digital, a fim de compartilhar experiências, ampliar as discussões fomentadas pelas mesas, trazer novas questões ao debate, e estabelecer conexões mais próximas com outras pessoas dedicadas à prática do dramaturgismo.
Acesse aqui o formulário de inscrição para o Espaço Aberto. (Inscrições encerradas)
PARTICIPANTES
Acervo Pessoal/Divulgação
Carmen Hornbostel
Carmen Hornbostel estudou psicologia na Universidade Georg-August em Göttingen e na Universidade de Sevilla. É dramaturgista no teatro NTGent desde 2018 e no International Institute of Political Murder (IIPM) desde 2017. Trabalhou como colaboradora dramatúrgica em “General Assembly”, de Milo Rau (Schaubühne am Lehniner Platz, Berlim, 2017) e em “La Reprise” (Théâtre National Wallonie-Bruxelles, 2018); realizou “Box of Truth” (NTGent, 2018) e foi dramaturgista em “Family” (NTGent, 2019) e “Everywoman” (Salzburger Festspiele, 2020). Co-editou “Why Theatre?” (NTGent&Verbrecher Verlag, 2020).
Acervo Pessoal/Divulgação
Edélcio Mostaço
Edélcio Mostaço é professor titular da Universidade do Estado de Santa Catarina. Doutorou-se pela ECA-USP, após ter se dedicado ao jornalismo, à crítica teatral e à pesquisa acadêmica. É autor do livro “Teatro e política: Arena, Oficina e Opinião” (reeditado em 2016 pela Annablume). Como dramaturgista, integrou as equipes de “Vestido de Noiva” (Márcio Aurélio, 1987), “Mme. Pommery” (Antônio Abujamra, 1988), “A Cerimônia do Adeus” (Ulysses Cruz, 1989), “A Falecida” (Gabriel Vilella, 1994), “Péricles, Príncipe de Tiro” (Ulysses Cruz, 1995), “Mary Stuart” (Gabriel Vilella, 1996), “À Margem da Vida” (Beth Lopes, 1998).
Foto: Carolina Maduro
Fátima Saadi
Fátima Saadi é tradutora, ensaísta e dramaturgista da companhia carioca Teatro do Pequeno Gesto. Formada em Teoria do Teatro (Unirio), fez mestrado e doutorado em Comunicação e Cultura (ECO-UFRJ). Lançou em 2018 o livro “A configuração da cena moderna – Diderot e Lessing” (www.pequenogesto.com.br/edicoesvirtuais), cuja versão francesa foi publicada pela editora L’Harmattan em 2020. Tem colaborado com várias publicações sobre teatro e participou de inúmeros festivais como debatedora de espetáculos.
Foto: Maria Fanchin
Silvana Garcia
Silvana Garcia é pesquisadora, pedagoga, dramaturgista e diretora; professora da Escola de Arte Dramática (ECA/USP); autora dos livros “Teatro da Militância” (Perspectiva), “As Trombetas de Jericó – Teatro das Vanguardas Históricas” (Hucitec) e “Territórios e Paisagens. Estudos sobre teatro” (Giostri); é diretora dos espetáculos “Lesão Cerebral” (2007), “Há um crocodilo dentro de mim” (2009), “Não vejo Moscou da janela do meu quarto” (2014), “Mergulho” (2015) e “Senhora X, Senhorita Y” (2018); curadora da série “Cena Inquieta” (Olhar Imaginário, SESCTV).
Acervo Pessoal/Divulgação
Carlos Antônio Leite Brandão
Carlos Antônio Leite Brandão é professor titular aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisador do CNPq. Foi dramaturgista do Grupo Galpão por mais de dez anos, junto ao qual realizou diversos trabalhos como as adaptações de "Romeu e Julieta", "Um Molière Imaginário", "Partido" e "O Inspetor Geral''. Dentre suas várias publicações relativas a esses trabalhos, destacam-se “Os Diários de Montagem” dessas peças, os textos encenados em cada uma delas e o livro "Grupo Galpão: 15 anos de risco e rito".
Acervo Pessoal/Divulgação
Marici Salomão
Marici Salomão é dramaturga, pesquisadora e jornalista, formada pela PUC-Campinas. Foi repórter e crítica do Caderno 2 (O Estado de S. Paulo) e da revista Bravo!. Teve suas peças “Bilhete” e “Maria Quitéria” dirigidas por Celso Frateschi e Fernando Peixoto, respectivamente. Coordenou o Círculo de Dramaturgia do CPT de 1999 a 2003 e o Núcleo de Dramaturgia SESI-British Council de 2008 a 2019 (Prêmio Shell de Inovação 2015). Foi curadora do projeto Dramaturgias Urgentes, do CCBB-SP. Coordena atualmente o curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro. Lançou os livros “O Teatro de Marici Salomão” (Imprensa Oficial), e ”Sala de Trabalho”, (editora do SESI).
Acervo Pessoal/Divulgação
Maria de Lourdes (Beti Rabetti)
Maria de Lourdes (Beti Rabetti) é historiadora do teatro, dedicando-se especialmente à história do teatro cômico popular, do ator e da tradução teatral. Atuou como dramaturgista de diferentes companhias teatrais, tendo desenvolvido seu trabalho, inicialmente, de 1984 a 1991, junto à Companhia de Encenação Teatral do Rio de Janeiro. Dedicou ao tema vários ensaios publicados em revistas brasileiras, um deles, capítulo de livro, no exterior. É professora aposentada da Unirio, vinculada ao PPGAC e pesquisadora Sênior do CNPq. Sua pesquisa atual é a “Tradução em cena: contribuição para uma história da tradução teatral no Brasil.”
Acervo Pessoal/Divulgação
Marcus Droß
Marcus Droß formou-se em Estudos Teatrais Aplicados na Universidade Justus-Liebig, Gießen. Co-fundou com Michael Wolters a rede de teatro musical New Guide to Opera e trabalhou como diretor, dramaturgista e mentor artístico em teatro musical, performance e coreografia, bem como em festivais, residências, casas de coprodução e na formação em artes. Desde 2012 é dramaturgista no Künstlerhaus Mousonturm, de Frankfurt, casa de produção internacional em artes performativas onde desenvolve pesquisa artística, programas de mentoria e de residência, e acompanha o desenvolvimento conceitual e a produção de performances.
Curadores
Acervo Pessoal/Divulgação
Antonio Duran
Antonio Duran é dramaturgista, ator, diretor e pesquisador. Titular de um doutorado em Artes Cênicas (ECA-USP) e de um mestrado em Comunicação (Cásper Líbero). Integra o Grupo de Pesquisa Cultura, Comunicação e Sociedade do Espetáculo (Cásper Líbero) e o Grupo de Estudos em Estética Contemporânea (FFLCH-USP). É dramaturgista do Teatro da Vertigem desde 2010 e professor convidado na SP Escola de Teatro. Escreveu e dirigiu o espetáculo “Estudo sobre o masculino: primeiro movimento”. Ator pela Escola de Atores do TUCA (PUC-SP).
Denitsa Stoyanova
Daniel Cordova
Daniel Cordova é produtor cultural, mestrando em Estudos Teatrais Aplicados na Universidade Justus Liebig de Gießen, na Alemanha, e graduado em Artes Cênicas pela ECA-USP em 2010. Atuou no escritório de produção prod.art.br como produtor executivo e coordenador editorial na realização de eventos multidisciplinares, apresentações e exposições de artistas e coletivos estrangeiros em São Paulo, além de produzir, independentemente, artistas e coletivos de dança e teatro paulistanos.
Tania Meinerz
Michele Rolim
Michele Rolim é jornalista, pesquisadora e crítica teatral. Doutoranda e mestra em Artes Cênicas (UFRGS). Trabalha na imprensa cultural desde 2009. É editora do site Agora Crítica Teatral. Autora do livro “O Que Pensam os Curadores de Artes Cênicas” (Cobogó, 2017). Participou como “provocadora artística” no projeto TRANSIT, idealizado pelo Goethe-Institut Porto Alegre de 2017 a 2020. Vem atuando como crítica e debatedora em diversos festivais de artes cênicas brasileiros.