Reinventando SMETAK
Salvador

Entrevista Manfred Stoffl

Entrevista Manfred Stoffl  © ©Manfred Stoffl Entrevista Manfred Stoffl ©Manfred Stoffl
“Queremos mostrar a relevância de Smetak para a música contemporânea do mundo”
 
Resultado da parceria entre instituições culturais da Alemanha, “Reinventando Smetak” não está restrito a essas fronteiras, ao contrário, defende o diretor do Goethe-Institut Salvador-Bahia, Manfred Stoffl. Responsável pela logística e produção do concerto na capital baiana, Stoffl pontua que este projeto é uma construção coletiva que até parte de uma realidade germânica – a parceria entre o DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) e o Ensemble Modern –, mas vai além, envolvendo três compositores brasileiros, uma compositora australiana e músicos de diversos outros países. O empenho de artistas e produtores de tantas nacionalidades, explica Stoffl, é mostrar a força de Smetak para a música contemporânea do mundo.
 
Como você situaria a importância deste projeto para a cena cultural de Salvador?
Este é um projeto muito importante, basicamente por duas razões. Primeiro, porque o público vai poder experimentar uma visão externa, vinda da Europa, de uma orquestra que tem músicos internacionais. As pessoas em Salvador vão poder ver como essa orquestra lida com Smetak e também como quatro compositores contemporâneos – três deles brasileiros e uma australiana – trabalharam com os instrumentos e reagiram ao universo smetakiano. Segundo, é algo inédito. É a primeira vez que o Ensemble Modern se apresenta aqui com a formação completa. É muito importante que uma orquestra internacionalmente reconhecida venha para Salvador e o público possa assisti-la.
 
A Alemanha passa a ter um novo olhar para Smetak com este concerto do Ensemble Modern?
Eu não diria que a Alemanha está tentando dar um novo olhar a Smetak, porque este é um trabalho colaborativo. Tem compositores do Brasil, alguns deles que vivem em outros países, uma compositora da Austrália, músicos que também vêm de diversas partes. O que eu acho que estamos tentando fazer é mostrar a relevância de Smetak para a música contemporânea do mundo e isso, com certeza, permite um novo desenvolvimento para o seu trabalho.
 
Qual o maior desafio para a realização de um projeto deste porte?
Para o Goethe-Institut, o maior desafio foi o escopo do projeto, a organização, a logística e a produção. É algo muito maior do que fazemos usualmente. Por exemplo, em nossas produções, ainda não tínhamos nos deparado com a necessidade de falar com um luthier para restaurar instrumentos musicais ou para fazer réplicas desses instrumentos, nunca tínhamos organizado o transporte e o seguro para que estes instrumentos saíssem do país e depois voltassem para cá. Normalmente, realizamos eventos pequenos em nosso próprio teatro e não um concerto em outro teatro grande, como é o Castro Alves. Também diria que uma parte complexa foi, sobretudo, levantar fundos para todas essas atividades e organizar as viagens de uma orquestra inteira, da Alemanha para Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Realmente, foi um desafio.
 
Em sua opinião, como o público mais jovem no Brasil e na Europa receberá o trabalho de Smetak?
Espero que as novas gerações achem o trabalho tão contemporâneo quanto foi Smetak, quando ele desenvolvia suas Plásticas ao mesmo tempo em que surgia a Tropicália, por exemplo. Acho que uma vantagem da juventude é que, provavelmente, eles não sabem muito sobre Smetak, por isso podem ter um olhar mais fresco para essas peças, um olhar livre de uma pressão histórica, de certa maneira. Os jovens podem experimentar isso sem qualquer conhecimento do passado, apenas aproveitar e, esperamos, se beneficiar com o que virem. Quem sabe também eles possam depois pesquisar sobre a influência de Smetak na cena musical brasileira e saber ainda mais sobre o assunto.
 
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