Aula em grupos numerosos
Trabalho em grupo com mais de 50 alunos

Aprender alemão em conjunto com mais de 50 alunos.
Aprender alemão em conjunto com mais de 50 alunos. | Fotografia (recorte): © Goethe-Institut Camarões

Em alguns países, as aulas de alemão com mais de 100 alunos fazem parte do cotidiano, o que representa, naturalmente, desafios para o professor e sua aula. Como todos os alunos e alunas aprendem ao mesmo tempo sem que exista um caos?

Enquanto na Alemanha os meios de comunicação causam alarde quando há quase 30 crianças em uma mesma classe de ensino escolar, em outros países, os professores ficam contentes quando os alunos e alunas não chegam a 100. Mesmo que pesquisadores e pesquisadoras estejam de acordo com afirmação de que bons professores possam dar aula independentemente do fato de haver alguns alunos a mais ou a menos na classe, as salas de aula com 60, 80 ou 100 alunos e alunas, muitas vezes em combinação com problemas de infraestrutura na classe, representam um desafio para qualquer docente.
 
Existem regiões geográficas específicas nas quais os diretores e diretoras são obrigados a reunir muitos alunos em uma mesma sala de aula, devido à falta de professores e/ou de espaço físico para a classe. Isto acontece não só em grandes partes da África subsaariana (principalmente na África Ocidental e Central), mas também em partes da Ásia, como na Índia e em regiões da China e da Indonésia. No entanto, em certas situações, na Europa também pode haver aulas de grupos numerosos, por exemplo, em eventos de marketing para o idioma alemão em Feiras de Ensino ou em cursos experimentais em escolas de Ensino Fundamental, cursos de alemão voluntários em instituições de acolhimento de solicitantes de asilo.  

Influência do tamanho da classe sobre a aula

Pesquisas mais recentes mostram que o tamanho do grupo de alunos tem pouca influência significativa sobre uma aula bem-sucedida (Hattie 2013). Entretanto, o trabalho com grupos muito numerosos de 100 ou mais alunos representa tarefas fora do comum para o pessoal docente, não só nos campos de treinamento da pronúncia, de disciplina, motivação e mensuração do desempenho, mas também em relação à diferenciação interna. Por este motivo, foram desenvolvidos vários métodos e didáticas de aula para grupos numerosos que também podem ser adaptados, claro, para grupos mais reduzidos.

Métodos adequados

Nos grupos numerosos, a disciplina é um fator muito importante, por isso, muitos professores procuram alcançá-la por meio de uma aula frontal, que tenha tudo sob controle. Porém, muitas vezes isto tem um efeito negativo sobre a motivação dos alunos. Na medida das possibilidades, seria necessário usar métodos e formas sociais diversificados para evitar sensações de tédio para os alunos. Gostaria de apresentar a seguir três métodos que ajudam a criar uma aula em grupo numeroso variada graças ao seu alto nível de ativação do aprendizado. Além disso, têm a vantagem de estar disponíveis em exemplos bem documentados em forma de vídeo ou descrição detalhada da aula.
 
Falar ritmicamente
Os círculos de ensino, denominados “rodas de samba”, são inspirados em métodos pedagógicos de música e teatro e servem de base para diversos exercícios com base rítmica. Os alunos e alunas marcam um ritmo simples com os pés, que produz uma ligação entre eles e anima os que são tímidos a falarem diante do grupo. A fala rítmica serve para automatizar atuações verbais, como apresentar-se ou apresentar campos semânticos, como o vocabulário usado em uma sala de aula. A Sra. Che Neba, de Douala, Camarões, mostra no vídeo a seguir um exemplo de exercícios em “rodas de samba”, que não precisa ser feito obrigatoriamente em forma de círculo, por questão de espaço

Anschauliche Beschreibungen dieser und weiterer Übungen finden Sie in der Projektdokumentation Sprach-Fluss (Holl 2011).
 
Língua e movimento (Total Physical Response)

O aprendizado com a linguagem corporal, ou seja, a conexão entre a transmissão verbal e o movimento no escopo do método “Total Physical Response” aborda diferentes sentidos dos alunos, possibilitando o aprendizado holístico. Os exercícios conectam vocábulos de certo campo semântico com movimentos sempre iguais, ajudando, assim, a memorização desses vocábulos pelos alunos e alunas. No exemplo a seguir da professora Nurul Widaningrum, de Jacarta, Indonésia, também  canta-se junto:

Projetos

O professor pode realizar trabalhos em forma de projetos voltados a atuações para poder ocupar, se possível, todos os alunos do grupo numeroso. Neste caso, os alunos e alunas devem poder realizar o projeto em um período de tempo gerenciável (no máximo, duas semanas) e de forma que tenha relação com as matérias do curso e também com os hábitos de vida dos alunos.
 
Os projetos destinam-se especificamente a trabalhos em grupo: cada grupo pode elaborar questões diferentes e transmitir um quadro geral do tópico durante uma apresentação final. Mas como se faz para organizar tarefas em equipes com 100 ou mais alunos se, para um trabalho efetivo, o tamanho ideal dos grupos é de três a cinco alunos? Isto pode ser feito se o docente atribuir a mesma questão para ser trabalhada por vários grupos. Antes da apresentação final, os grupos que tenham as mesmas questões se reúnem e escolhem os materiais que serão usados para a apresentação.
 
O docente deverá observar, durante a composição dos grupos, que estes devem ser formados por alunos que tenham capacidades diferentes, um que saiba desenhar bem, outro ou outra que seja bom em fazer apresentações e outro ou outra que tenha boa pronúncia de alemão. Dessa forma, cada um pode contribuir com suas habilidades, estará ocupado e contribuirá para que o projeto seja bem-sucedido. Na aula-projeto de Nadège Tchuinang, de Yaoundé, Camarões (Tchuinang et al. 2017: 40-45), no começo do ano letivo, o docente elabora perfis dos alunos e alunas, a fim de formar grupos adequados com antecedência. Dessa maneira, perde-se pouco tempo para dividir os 120 alunos em 40 grupos. O relatório do projeto contém, além dessas orientações, várias dicas práticas sobre tópicos como Gestão do tempo e Comportamento em caso de distúrbios, entre outros.

Problema na mensuração do desempenho

Quanto maior for o número de alunos por classe, mais tempo demora para as correções e valorizações dos testes, que são imprescindíveis para poder realizar uma avaliação individual das competências verbais e escritas. Angelika Loo (Loo 2017: 8 e seguinte) fornece algumas orientações, que facilitam a mensuração do desempenho em grupos numerosos:
  • Os testes devem ser compostos por perguntas fechadas e semiabertas, fáceis de corrigir (múltipla escolha, certo/errado, preencher campos incompletos).
  • Se não for possível evitar formulações conceituais abertas, como é feito nos níveis mais altos, os testes devem ser realizados em semanas com menos dias de trabalho durante o ano letivo.
  • Alguns testes podem ser feitos e também corrigidos online.
  • Dependendo das circunstâncias, os alunos podem pré-corrigir os testes mutuamente usando as respostas certas como meio de auxílio.
  • Os desempenhos verbais também podem ser avaliados em apresentações em equipe.
Variedade de experiências de aprendizado Variedade de experiências de aprendizado Variedade de experiências de aprendizado Variedade de experiências de aprendizado | Foto (extrato): Instituo Goethe - Camarões

Vantagem dos grupos numerosos

É importante salientar também as vantagens de aprender em um grupo numeroso, apesar da alta carga de trabalho na hora de lecionar para esse tipo de grupo. A diversidade dos alunos é enorme, e justamente a variedade das suas biografias promete contribuições motivantes. Da mesma forma, a variedade das experiências de aprendizado de idioma com outras línguas estrangeiras ou segundas línguas enriquece a aula. Além disso, com um grupo grande de alunos, é possível gerar uma dinâmica emocional que pode aumentar o posicionamento positivo, mas também negativo, em relação ao conteúdo letivo ou ao professor. Por este motivo, é muito importante que o docente se apresente bem organizado e crie uma boa relação com os alunos.
 

Literatura

Che Neba, Marie-Noelle/Hoffmann, Christian/Tchuinang, Nadège (2017): Großgruppendidaktik in Zentralafrika. In: Fremdsprache Deutsch, H. 56, S.37-46.

Hattie, John (2013): Lernen sichtbar machen. Überarbeitete deutschsprachige Ausgabe von „Visible Learning“. Baltmannsweiler: Schneider Verlag Hohengehren.

Holl, Edda (2011): Sprach-Fluss: Theaterübungen für Sprachunterricht und interkulturelles Lernen. München: Hueber.

Loo, Angelika (2017): Unterricht mit großen Lerngruppen. In: Fremdsprache Deutsch, H. 56, S. 3-9. 

Schmidjell, Annegret: Interaktionsorientierter Unterricht. Lernende in großen Gruppen. In: Fremdsprache Deutsch, H. 56, S.10-18.