Evento a céu aberto ocupa o Aterro do Flamengo
De 15 a 17 de setembro, Ar Livre * Arte Livre apresenta uma programação gratuita, a céu aberto, no Aterro do Flamengo. Intervenções artísticas, oficinas e ações se propôem a repensar o espaço público a partir das fronteiras entre arte, ecologia e os comuns.
Esse projeto é a segunda edição do programa Arte, Ecologia e os Comuns, que iniciou em 2021 em Beirute, no Líbano. Concebido pela TAP (Temporary Art Platform) o projeto está sendo realizado no âmbito da cooperação franco-alemã #JuntesnaCultura, entre o Goethe-Institut e o Consulado da França no Rio de Janeiro, com produção da Jurubeba Produções.
Programação:
SEXTA-FEIRA, DIA 15 DE SETEMBRO DE 2023
16h - Abertura - Teatro de Arena
17h - Frekwéncia - Atravessando portais performance musical | Coreto Modernista
18h - Circular Som Sistema - DJ set
18h30 - Fluxuz - Bandeira lúcida - projeção a laser | próximo à pista de skate
SÁBADO, DIA 16 DE SETEMBRO DE 2023
13h - Caroline Valansi e Domingos Guimaraens - Co-construção (oficina para crianças e adultos ) | próximo ao Coreto Modernista
15h - Frekwéncia - Atravessando portais - performance musical | Coreto Modernista
16h - Irmãs Brasil - Aula-vivência de passarela com Legendary Runways - Teatro de Arena. Indicação: a partir de 13 anos
18h - Circular Som Sistema - Dj set
18h30 - Fluxuz - Bandeira lúcida (oficina de conteúdo e projeção à laser) | próximo à pista de skate
DOMINGO, DIA 17 DE SETEMBRO DE 2023
13h - Caroline Valansi e Domingos Guimaraens - Co-construção - (oficina para crianças e adultosl) | próximo ao Coreto Modernista
15h - Frekwéncia - Atravessando portais - performance musical | Coreto Modernista
16h - Azizi Cypriano e Yhuri Cruz - Notícias vão chegar - performance cênica | Teatro de Arena
18h - Circular Som Sistema - DJ set
19h - Fluxuz - Bandeira lúcida - oficina e projeção laser - | próximo à pista de skate
Local: Parque Aterro do Flamengo - Coreto Modernista e o Teatro de Arena
INSTALAÇÕES ARTÍSTICAS
Cinco instalações artísticas, participativas, dos artistas Claudia Casarino, Guga Ferraz, Maria Nepomuceno, traplev e Zé Tepedino estarão expostas no Aterro do Flamengo durante todos os dias do evento, das 16h às 20h, no dia 15, e das 13h às 20h nos dias 16 e 17 de setembro.
São obras de artistas que trabalham com a questão urbana e, muitos deles, têm uma relação direta com a história do Parque do Flamengo. Este é o caso da obra inédita “Até onde o mar vinha, até onde o rio ia - onda de plástico”, de Guga Ferraz, feita especialmente para o projeto, que apresenta uma grande onda inflável. “Esta obra faz um comentário sobre o espaço do Aterro já ter sido mar, que faz as pessoas serem engolidas por essa onda, que também é um espaço de encontro, um espaço lúdico”, conta Ynaiê Dawson, “um espaço que era mar e que estamos transformando em plástico”, ressalta Guga Ferraz. Também inflável, com dois metros de diâmetro, a bola cor-de-rosa de Maria Nepomuceno traz escrita a palavra amor, e estará disponível para interação do público durante o festival. Já a obra “A paisagem que (também) estamos sendo”, da artista paraguaia Claudia Casarino, que tem Bianca Bernardo como curadora-convidada, fala sobre o lugar de encontro ao apresentar camisas brancas, unidas, que formam uma tenda, que será mais um espaço de convivência para o público.
Questionando o uso dos espaços para objetivos diferentes dos quais foram designados, a obra “Juntos Venceremos”, de Zé Tepedino, apresenta brinquedos de madeira para crianças, nos moldes dos existentes em praças públicas, invertidos, impossibilitando seu uso convencional, resgatando o lúdico e outras formas de brincar, além de fazer uma ponte com a realidade, pois muitos desses brinquedos, inclusive no Aterro, estão quebrados, sem possibilidade de uso. O escorrega, por exemplo, possui a escada no lugar da rampa e vice-versa.
Faixas com frases do artista Traplev, como: “a paisagem dessa ex-capital apodrece maravilhosamente”, retirada de um filme de Rogério Sganzerla (1946-2004), e “seguimos comemorando”, pretendem fazer uma revisão histórica e crítica, conectando-se ao pensamento e à produção artística dos anos 1960 quando o Aterro estava em construção e o cinema novo fazia diversas críticas sociais e políticas.
OFICINAS E APRESENTAÇÕES
Além das instalações artísticas, “Ar Livre*Arte Livre” também trará oficinas de arte para crianças e adultos e apresentações sonoras e artísticas.
Os artistas Carolina Valansi e Domingos Guimaraens apresentarão a oficina “Co-construção”, para todas as idades, que propõe criações a partir dos cocos descartados pelos vendedores do Aterro do Flamengo. Já o artista Fluxuz apresentará a projeção a laser “Bandeira lúcida”, realizando também oficinas de criação de conteúdo, que poderão ser projetados durante suas apresentações no sábado e domingo, ao cair do dia.
Também será apresentada a performance sonora “Atravessando portais”, da artista Frekwéncia, que visa promover debates sobre racismo estrutural e direito à cidade. Ao fundir elementos sonoros, literários e performativos, a artista parte da história de sua avó, Nina, uma mulher negra que viveu, trabalhou e criou seu filho na casa de uma família branca no bairro do Flamengo, e busca desenterrar as camadas de colonialidade ocultas nessa região, e, por meio de rituais cuidadosamente criados, celebrar as memórias ancestrais que persistem, mesmo em face do esquecimento, explorando caminhos alternativos para a trajetória de Nina e para o futuro do Aterro do Flamengo.
Selecionadas para “Ar Livre*Arte Livre” através de chamada pública, os artistas Azizi Cypriano e Yhuri Cruz apresentarão, no Teatro de Arena do Aterro do Flamengo, “Notícias vão chegar”, uma cena colaborativa criada especialmente para o projeto. Na apresentação, a dupla cria uma cartografia expandida que correlaciona antigas e novas ideias, imaginários e notícias transatlânticas, utilizando materiais de origem orgânica, como corda, papel, plantas, carvão vegetal, entre outros. O público será convidado a participar e intervir na criação desse mapa-arena, compondo o mis-en-scene da ação.
As Irmãs Brasil farão uma aula-vivência de passarela com Legendary Runways, que compartilha práticas e vivências da cultura Ballroom, uma cultura de acolhimento, criada por travestis pretas na década de 1960/70 no Harlem, em Nova Iorque, de onde nasce o estilo de dança Vogue. “Uma aula de vida, que provoca outros corpos a caminharem, no desejo de ir além!”, dizem as Irmãs Brasil.
Artistas
Intervenções
Claudia Casarino
Opera a partir de uma reflexão de gênero, pela consciência do próprio corpo, sujeito feminino, posto em tensão por fronteiras e trânsitos forçados e atravessado por sistemas estruturais de violência, sejam eles visíveis ou totalmente invisíveis.
Guga Ferraz
Arte visual, Arquitetura e Urbanismo estão presentes de forma marcante na trajetória de Guga. Em seu trabalho, o artista aborda questões sobre a violência urbana, as relações entre indivíduo e cidade, e a própria cidade como lugar. Muitas vezes, revela os processos de transformação urbana pelos quais o Rio de Janeiro passou.
Traplev
Suas pesquisas se debruçam na experimentação da linguagem para elaboração de elementos pedagógicos e na conscientização crítica, em forma de instalações, intervenções, objetos e imagens. O artista parte do confronto entre narrativas políticas e midiáticas, fatos históricos e provocações estéticas.
Zé Tepedinho
Seu processo de trabalho lida com uma observação cuidadosa da cidade e seu entorno. Elege materiais, espaços e situações, em sua maioria cotidianas, criando rearranjos através de diferentes técnicas, e assim nos propondo um novo olhar sobre o mundo que nos cerca.
Ações
Azizi Cypriano
Artista e pesquisadora. Com ênfase na performance, trama poéticas e elabora estruturas relacionadas às epistemologias iorubás e ecológicas. Investiga, na espiral do tempo, as formas de construir com as próprias mãos, o barro, caules e ervas, para traçar escrituras e rituais que convocam presenças ancestrais.
Frekwéncia
Artista e cientista social. Celebra memórias ancestrais afrodiaspóricas e cria rituais para o fim da matriz colonial de poder, imaginando formas outras de ser e existir no mundo. Sua poética encantada manifesta-se em produções sonoras, visuais, textuais e performativas.
Paulinho Fluxuz_
Artista multimídia, ativista cultural, usa luz como expressão desde 2006. Explora uso do Las3r em intervenções urbanas e ambientais. Graduado em artes visuais na USP. Atua no Brasil, Europa, rasgando futuros e ancestralidades.
Maria Nepomuceno
Artista brasileira, vive e trabalha na cidade do Rio de Janeiro. Se dedica a instalações, esculturas, ao desenho e à pintura, criando organismos em tramas que englobam tecido, contas de colar, corda, palha, argila, cerâmica, madeira, plantas e diversos outros materiais. Por vezes também objetos de uso cotidiano, e artesania popular principalmente oriundos do Brasil. A partir de pesquisas e viagens, Maria incorpora referências de trabalhos coletivos de comunidades indígenas, tecelãs e de Carnaval em suas obras como forma de interlocução com o espaço, com o tempo e com a diversidade cultural.
Yhuri Cruz
Artista visual, escritor e dramaturgo. Com uma prática artística e literária que envolve ficções históricas e proposições performativas e instalativas, é movido por problemáticas dos sistemas de poder e da crítica institucional, discutindo relações de opressão, resgates históricos-subjetivos e violências sociais reprimidas.
Oficina para crianças
Caroline Valansi
Artista que orbita pelas artes visuais, a educação e a saúde mental. Transitando entre a palavra, o espaço e a ficção e com forte interesse em traços coletivos e histórias íntimas, suas obras giram em torno do universo erótico, do sexo e do prazer feminino.
Domingos Guimaraens
Poeta e artista visual, doutor em Literatura Cultura e contemporaneidade pela PUC-Rio. Organizador de eventos de poesia, artes visuais e artes integradas, incluindo CEP20000. Desde 2008, trabalha com o coletivo OPAVIVARÁ! viajando e expondo por todo Brasil e no exterior.
JUNTES NA CULTURA 2023
Mensalmente, a cooperação cultural franco-alemã no Rio ocupa diferentes espaços na cidade. A iniciativa une as vozes de diversas expressões artísticas – cinema, música, literatura, artes visuais, dança – em um diálogo que também aborda questões contemporâneas, como sustentabilidade e decolonização.
A França e a Alemanha estão ligadas por uma história comum e uma amizade que é motor de transformações na Europa e no mundo. No Rio de Janeiro, a parceria se intensificou ao longo dos últimos anos, gerando diversos projetos de cooperação no âmbito cultural. As atividades são realizadas conjuntamente pelo Goethe-Institut Rio de Janeiro e pelo Consulado Geral da França no Rio de Janeiro, em parceria com instituições brasileiras e internacionais.
O estreitamento das relações se deu a partir da renovação de um tratado histórico de amizade entre os dois países, no dia 22 de janeiro de 2019, em Aachen. Entre as medidas de fortalecimento da cooperação, consta a aproximação dos países por meio de institutos culturais.
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