Susanna Gyulamiryan foi convidada especial do Fuxicos Futuros

Susanna Gyulamiryan no Fuxicos Futuros #2

suzana_fuxicos © Fuxicos Futuros
No dia 25 de abril de 2017, a curadora e feminista armênia Susanna Gyulamiryan, residente da Vila Sul do Goethe-Institut Salvador-Bahia, foi convidada especial da 2ª edição do projeto-ação “Fuxicos Futuros: Conversas no Pátio”, um ciclo de conversas protagonizadas por mulheres atuantes na Bahia. Entre trocas existenciais, políticas e artísticas, a iniciativa é idealizada e produzida por um coletivo de artistas e intelectuais, negras, indígenas, trans, bi e lésbicas. O objetivo é promover diálogos e reafirmar o ICBA como espaço de articulação da comunidade negra envolvida na pacificação da problemática racial e de gênero que atravessa a história da sociedade brasileira. Ao lado de Susanna, participaram como interlocutoras a ideia joquei Ana Dumas, a graffiteira Annie Lorde e as harkers Pretas Hakers.
 
Numa fala em que trouxe suas experiências e conhecimentos como profissional principalmente vinculada com a arte produzida por mulheres e a arte feminista, Susanna levantou pontos de sua discussão sobre como o processo pós-colonial na Armênia e nos demais países da ex-União Soviética tem pautado questões feministas e de gênero, além de rever a narrativa que a URRS tinha sobre a emancipação feminina e as contradições e problemas na mesma.
 
Confira um trecho de sua fala: 
Da Metassexualidade Soviética às Subversões Feministas e Queer na Arte e Ativismo Político na Armênia

Como a linha política oficialmente promulgada de cima para baixo pela União Soviética sustentava a igualdade socialista de todos os estratos da sociedade soviética, esta também sustentava a igualdade dos dois sexos – feminino-masculino (durante o período soviético, a noção de identidade sexual era construída somente através do modelo bipolar de gênero). O sistema universalista da União Soviética tem em suas ambições metafísicas o intuito de apresentar sua sociedade como ‘metassexual’, enfatizando a noção geral de ‘cidadão soviético’, o que implicitamente presume a superioridade do homem. Após a queda do Império Soviético, a crescente autoconsciência das mulheres artistas mais progressistas se recusou a responder aos espectadores e expectativas ‘tradicionais’, ato que foi revolucionário por si próprio. Esse processo marcou o início da luta das mulheres no campo da arte contemporânea na Armênia através de expansões nos campos discursivos e visuais em relação a subversões feministas e queer na arte e no ativismo político.