JiGG 2017
Suíça: Weird Beard

Weird Beard
Foto (detalhe): © Ralph Kuehne

À conversa com o quarteto suíço Weird Beard, que procura inspiração em diferentes estilos para criar um som contemporâneo. 

Onde se conheceram e como se formou a banda?
Flo: Fundei o grupo Weird Beard em 2008, no âmbito do meu concerto de licenciatura. Depois disso ainda houve duas mudanças, na guitarra e no baixo, até chegar à formação de sonho que temos hoje, com o Rico, o Dave e a Martina.
Dave: Conheci o Flo a faculdade. Perguntou-me se podia fazer parte dos Weird Beard, o que me deixou muito contente.
Martina: Conheci o Florian numa jam-session em Zurique. Já conhecia o David da época da faculdade. Quanto ao Rico, conheci-o apenas no primeiro ensaio.
Rico: Foi o Florian que nos juntou a todos, vindos de vários cantos. Quando se forma uma banda com pessoas que não se conhecem realmente, é muito difícil de prever como é que elas se vão entender a nível musical e pessoal. Mas o Flo mostrou ter um jeitinho muito especial para isso. Na minha opinião, o nosso encontro foi um caso de muita sorte. 

Como descreveriam o vosso som?
Flo: Melodias como canções, perdidas no espaço sideral e incluídas num som contemporâneo, tocadas com uma atitude improvisadora. Weeeeiird...     
Dave: Música do coração.
Rico: A resposta pode ser deduzida da resposta anterior: somos quatro indivíduos que se complementam extremamente bem. Quando estou a ouvir as nossas últimas gravações, oiço uma música com uma grande calma interior e que demonstra coragem de ser bela. E sempre que fico com receio que a música fique monótona, surge alguma coisa vinda de alguém que me surpreende e me impele a continuar a escutar. E o mais importante para mim é o seguinte: nós tocamos música a partir de uma composição escrita, mas a cada momento as possibilidades são muitas.

Quais os artistas que mais vos influenciaram? 
Flo: Em primeiro lugar os meus amigos.
Dave: Muitos dos músicos clássicos do jazz. Mas os músicos à minha volta também têm sempre um papel muito importante nesse sentido.
Martina: Eu deixo-me inspirar por muitas coisas completamente diferentes. Mas mais do que um artista em especial, o mais importante é o quotidiano. Também acho interessante navegar pelos vários géneros. Há alguns músicos que estou constantemente a ouvir, como o Meshell Ndegeocello, o Frank Ocean, a Kate Tempest, o John Coltrane, o Stian Westerhus, os Savages e o Alexander McQueen.    
Rico: Antes de tocar com os Weird Beard, costumo tentar encontrar mais inspiração em estilos completamente diferentes, de preferência música eletrónica de vanguarda. É essa a que mais me inspira. Felizmente nem sequer conheço todos aqueles ídolos que são frequentemente mencionados quando se fala sobre nós. 

Como é o vosso processo criativo?
Flo: Deixamos os temas correr para onde eles querem. Deixamos também que o som da banda corra à vontade e não temos receio de espaços novos nem de lugares-comum. Everything moves.
Dave: Começamos com peças novas, de vez em quando conversamos sobre qualquer coisa, e depois voltamos a tocar. 
Rico: O Flo traz temas com os quais se poderia fazer algo que soasse bem, se não estivéssemos sempre à espera de encontrar um som típico para a banda e a ensaiar durante tanto tempo. Por vezes isso pode ser um pouco frustrante, mas no final chegamos a sítios totalmente diferentes.

Qual o momento mais marcante da vossa carreira musical até agora?
Martina: Para mim são todos aqueles concertos e ambientes que vivemos em conjunto. Já houve de tudo, desde pequenos concertos no oeste da Rússia para crianças muita curiosas até grandes showcases. Os ambientes são muito diferentes nesses sítios. É muito inspirador fazer essa experiência com os três rapazes. De resto tento usufruir de todos os momentos em que posso estar totalmente embrenhada na música quando estou no palco.
Rico: Como banda, provavelmente a digressão que fizemos na Rússia. Foi lá que vivemos os momentos mais difíceis, mas também os momentos mais bonitos, o que nos juntou definitivamente como grupo..

Em que locais gostam mais de tocar?
Flo: Gostamos muito de tocar em conjunto e tocamos em qualquer sítio. Até mesmo na lua, se tiver de ser. Mas o que prefiro mesmo, é tocar na sala de ensaio dos Weird Beard. É aí que a nossa música soa melhor.
Dave: Prefiro tocar em pequenos bares intimistas, ao ar livre e em todos os sítios onde a música soe bem e agrade ao público.
Rico: Na sala de ensaio do Florian. É mínima, e ficamos dentro de uma nuvem de som muito densa. 

O que podemos esperar do vosso concerto no JiGG2017?
Flo: Irão ouvir uma música única, muito original. No entanto, essa música não pretende ser algo de especial, ela vive de belas canções e de muita poesia. O segredo está no som especial da banda, na dedicação com que a banda atravessa os temas e na interação com os mais ínfimos pormenores. Se escutarmos com o coração, tudo corre bem!
Dave: Quatro pessoas extravagantes com umas histórias engraçadas na bagagem!   
Rico: O melhor desta banda é que nem nós sabemos bem o que vai acontecer.