Passa cá em casa

Vista de um apartamento

Quarto vazio devido aos preços das casas em portugal

Intervenção artística

No âmbito do festival Uma Revolução Assim – Luta e Ficção: A Questão da Habitação, uma iniciativa do Goethe-Institut Lisboa em parceria com a Culturgest e em colaboração com Julia Albani e Nuno Cera, apresentámos a série „Passa Cá em Casa“ – intervenções artísticas em espaços de habitação em Lisboa.

Nos dias 5 e 6 de outubro, o festival Uma Revolução Assim apresentou os 12 projetos selecionados no Open Call „Passa cá em casa“, escolhidos entre 57 candidaturas válidas. O júri foi composto por Julia Klein, responsável pela programação de Artes Performativas do Goethe-Institut Portugal; Julia Albani, curadora e crítica de arquitetura; Nádia Yracema, atriz; e Mark Deputter, diretor executivo da Fundação Culturgest. Os projetos selecionados consistiram em intervenções artísticas apresentadas em vários locais e em casas particulares de Lisboa, entre as 11h e as 18h.

Programa

05.10. - 06.10.2024 | 11h00 - 13h00; 14h00 - 16h00

1 Alagie

Alexandra Sargento e Filipa Rosa
Tenda no Coreto do Largo da Graça, Lisboa

Alagie não tem casa. Recebeu uma tenda de uma instituição e é nela que temporariamente se abriga, instalado numa qualquer rua da cidade. Por hoje. Alagie deu o nome ao projeto que apresentamos. É “ele” e outros Alagies, com os seus nomes e vidas próprias, que convidam e que nos dizem: “Passa Cá em Casa”. No interior de uma tenda semelhante a que alguns têm como casa, o público escutará um trabalho sonoro, onde narrativas verídicas se entrelaçam com sons, silêncios e emoções. Este é o culminar de um projeto de escuta e recolha de histórias de vida de pessoas, — migrantes, mulheres, homens, portugueses e estrangeiros, — que ficaram sem casa.
A condição de sem-abrigo é difícil de imaginar para quem nunca passou por ela. Como é que acontece? Como se chega a essa situação e o que isso engloba: como a perda de amigos, de todos os apoios, a solidão, a vergonha e o medo,... e a que se agarram as pessoas para sobreviver? Pretendemos com este trabalho ouvir e dar voz àqueles que, devido à sua condição atual, são frequentemente ignorados. Àqueles que vivem sem privacidade ou dignidade, com fome, expostos às intempéries e à inclemência dos olhares.
Em Portugal há 10 000 pessoas em situação de sem-abrigo, 3400 só na capital.(*)

(*) Números aproximados de final de 2023. (em Público online, ‘Lisboa tem 594 pessoas em situação de sem-abrigo a dormir na rua, mais 200 do que em 2022’, 17/07/2024)

Criação e conceção: Alexandra Sargento e Filipa Rosa
Desenho de som: Paulo Abelho

Foto Alagie imagem: ©Alexandra Sargento e Filipa Rosa imagem: ©Alexandra Sargento e Filipa Rosa

05.10. - 06.10.2024 | 11h00; 13h00; 15h00; 17h00

2 Não serás uma alma que foge

Susana Domingos Gaspar
Alfama, Lisboa

Num espaço muito pequeno, uma coreografia de relatos em redor do tema da casa convoca o corpo a pensar sobre o direito de fuga e o desejo de permanecer. Quantas casas desarrumam um gesto? Com que movimento se reorganiza a intimidade depois de lutar?

Criação e interpretação: Susana Domingos Gaspar
Produção: Língua Acesa

Foto Não serás uma alma que foge imagem: ©Língua Acesa imagem: ©Língua Acesa

05.10. - 06.10.2024 | 12h00; 15h00; 16h00; 17h00

3 Reservoir Gods

Ruy Otero, Nuno da Silva, Bruno Cecílio
Baixa-Mouraria, Lisboa

O bairrismo da zona (Baixa-Mouraria) onde o rés-do-chão se situa, e por outro o imaginário do cinema americano que influenciou todo o Ocidente nas últimas décadas são o mote para esta performance com uma componente naturalista e teatral ao mesmo tempo, aspirando a tornar o espetador num voyeur de um certo cinema que vai ficando moribundo e de uma realidade que já não existe ou nunca existiu. Trata-se assim de um fantasma, numa viagem por um tempo que cada vez mais é impreciso, mas, e talvez por isso, seja poético. Como se a realidade e a fantasia por um momento encaixassem uma na outra sem fazer fricção.

Conceção e guião:
Ruy Otero, Nuno da Silva, Bruno Cecílio
Atores:
David Mesquita, Luís Elgris, Felix Lozano, Matilde Teixeira
Gestão de projeto:
Carla Cardoso
Comunicação:
Sara Battesti

Foto Reservoir Gods imagem: ©Reservoir Gods imagem: ©Reservoir Gods

05.10. - 06.10.2024 | 11h00 - 18h00

4 Inhabiting Gestures

Athanasios Kanakis com Alexia Alexandropoulou e João Lourenço
Anjos, Lisboa

Inhabiting Gestures explora noções de lugar, história, memória, sinais de habitação, o conceito de hospitalidade e examina a forma como podemos fomentar comunidades e relações de cuidado e confiança, através da partilha de histórias e troca de objetos em espaços informais e familiares como uma casa. Ao mesmo tempo que reflete criticamente sobre a rápida transformação das cidades e as suas dinâmicas complexas, especialmente em tempos em que a mudança através da gentrificação altera e corrói a identidade e a diversidade, o projeto pretende, com as suas diferentes ações, destacar vestígios e gestos do passado antes que estes desapareçam completamente. Os participantes são convidados a trazer uma pequena lembrança ou um objeto da sua casa em troca de bolos caseiros e histórias.

Ideia e criação: Athanasios Kanakis com os convidados Alexia Alexandropoulou e João Lourenço

Foto Inhabiting Gestures imagem: ©Athanasios Kanakis imagem: ©Athanasios Kanakis

05.10. - 06.10.2024 | 15h30; 16h30; 17h30

5 Sentir-se em Casa

Diana Rego, Sunil Pariyar, Nyra Rose, Marc Planells
Penha de França, Lisboa

Instalação performática pensada para criar pontos de encontro e partilha sobre o tema do lar entre as diferentes culturas que habitam em Lisboa. Esta performance junta um casal de artistas do Nepal: uma cantora e um flautista, que habitam na cidade há seis anos, com outro casal de artistas: uma bailarina portuguesa e um músico catalão, que habita em Lisboa há doze anos. A partir de uma pesquisa realizada sobre a música tradicional ibérica, assim como
a música tradicional do Nepal e da Índia, serão apresentadas composições musicais e
coreográficas originais, baseadas nestas tradições. As composições coreográficas
estão impregnadas de signos visuais que cada cultura irá reconhecer.
Já as composições musicais servem o nosso tema por excelência onde tentámos
encontrar os  seguintes ingredientes: sons/ silêncios, luzes/sombras e espaço, os quais  nos fazem realmente sentir em casa, criando um lar.

Ideia e criação: Diana Rego, Sunil Pariyar, Nyra Rose, Marc Planells

Foto sentir-se em casa imagem: ©Diana Rego imagem: ©Diana Rego

05.10. - 06.10.2024 | 12h00; 14h00; 16h00

6 Sob o mesmo teto

Daniela Rosado, Fernando Kahombo, Djj Huba e Ricardo Cabaça
Campo de Ourique, Lisboa

Uma intervenção artística multidisciplinar, que combina teatro, spoken word e tecnologia. Esta conta a envolvente história de Jay, um artista multidisciplinar emergente, e Bia, uma jovem profissional da área de administração e finanças. Apesar de separados, Jay e Bia são forçados a morar juntos, novamente, devido a problemas habitacionais. A convivência inesperada força-os a confrontar os seus traumas pessoais, que vão desde inseguranças sobre as suas carreiras até às questões mais profundas de identidade e pertença.

Foto Sob o memso teto imagem: ©Sob o mesmo teto imagem: ©Sob o mesmo teto

05.10. - 06.10.2024 | 11h00 - 13h00; 16h00 - 18h00

7 A Casa Invisível

Janice Iandritsky e Ricardo Santos
Penha de França, Lisboa

Pensa num lugar, qualquer um. Pensa nas pessoas que por ali passaram, nas construções que ali se fizeram, nas mais concretas e nas mais simbólicas; pensa nas pessoas que ali nasceram, as que vieram de fora, as que chegaram há 100 anos, há 10, há 1. Pensa na tua casa. Num mundo onde o direito à habitação digna se transformou num privilégio de poucos, é urgente recuperar uma ideia de habitação coletiva, através do pensamento e da crítica, mas também da ficção e da poesia.
Regressamos ao Bairro Horizonte, à antiga Curraleira, bairro construído dentro do programa habitacional SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), criado na revolução de abril de 1974, para repensar um modelo de intervenção sobre a construção coletiva da cidade. Uma performance contínua, inspirada nas memórias e na experiência concreta da construção deste bairro, abre as portas de uma nova casa. Uma casa que é rua, que é encontro, confronto e contradição, uma casa que é pátio, é conquista e transição, uma casa que é abrigo e intimidade. A Casa Invisível está aberta, sejam bem-vindos.

Ideia e criação: Janice Iandritsky e Ricardo Santos
Performance: Janice Iandritsky
Projeto com participação dos moradores do Bairro Horizonte e em parceria com a AMBH - Associação de Moradores do Bairro Horizonte.D10

Foto A casa invisível imagem: ©Janice Iandritsky e Ricardo Santos imagem: ©Janice Iandritsky e Ricardo Santos

05.10. - 06.10.2024 | 13h00 - 18h00

8 Ô Revoá

Larie Taveira
Graça, Lisboa

Uma instalação sonora que procura explorar a crise habitacional de Lisboa através de uma abordagem sonoro-imersiva, a qual será realizada numa casa inabitada em Lisboa. Um projeto que convida o público a mergulhar na vida de uma família fictícia e não convencional de imigrantes oriundos do Brasil.
A obra tem o intuito de explorar a dicotomia entre encarar o vazio da casa em contraste com a vida que trazem estas personagens. Os participantes são representados fisicamente por pequenas colunas bluetooth, enquanto as vozes e os dilemas ecoam pelos ambientes, de modo a contar a sua história.
 
Ideia e criação: Larie Taveira

Foto Ô Revoá imagem: ©Larie Taveira imagem: ©Larie Taveira

05.10. - 06.10.2024 | 11h00 - 18h00

9 Sortear uma casa! Laboratório migrante de auto-edições sobre o colapso e a cidade em evaporação

Lorena Salamanca
Benfica, Lisboa

Este laboratório coletivo de auto-edição de zines e cartazes propõe-se a “sortear” a evaporação urbana, as derivas arquitetónicas e o colapso planetário, além de refletir sobre a cidade como um lugar permeável e de memória social migrante num contexto global. Frases e enunciados definem a arquitetura no seu exterior, mas transformam-se ao levar para o seu interior a experiência corporal, material e simbólica das palavras. Realizar as mudanças é habitar a escrita.

05/10 + 06/10/2024
11h00 - 12h00 Visita geral à casa
13h00 - 14h00 Volta geral à casa
14h00 - 14h45 Sortear uma casa: Visita guiada à intervenção/exposição (Lotação: 12 pessoas)

05/10/2024
15h00- 15h45 Uma casa, Uma História; Leitura performativa e microfone aberto
Espaço do Jardim (Lotação: 15 pessoas)
16h00 - 18h00 Mesa dos comuns #1: Leitura de fanzines em grupo e conversação
Espaço do Jardim (Lotação: 15 visitantes)

06/10/2024:
15h00 - 15h45 A Planta da Cidade: Leitura performativa e microfone aberto
Espaço do Jardim (Lotação: 15 pessoas)
16h00 - 18h00 Mesa dos comuns #2 - Leitura de fanzines em grupo e conversação
Espaço do Jardim (Lotação: 15 pessoas)

Coordenação/mentoria: Lorena Salamanca
Convidadas: Yohanna Roa, Cláudia Madeira, Patrícia Pereira, Ana Gariso e Valentina Bedoya
Participantes: Maria Fernanda Linares, Raquel Medeiros, Estefânia Ribeiro
Produção e Comunicação: Marta Aksztin / Colapso Plataforma Criativa; Lorena Salamanca / Colapso Plataforma Criativa;
Nicole Chattin / Colapso Plataforma Criativa
Desenho gráfico: Valentina Bedoya / Colapso Plataforma Criativa
Documentação: Max Provenzano / Colapso Plataforma Criativa

Foto Sorterar uma casa imagem: ©Lorena Salamanca imagem: ©Lorena Salamanca

05.10. - 06.10.2024 | 11h30; 14h00; 15h30; 17h00

10 À VENDA com gente dentro - A Lisbon Real Estate Experience!

Marta Jardim e Zé Bernardino
Mouraria, Lisboa

À VENDA Fantástico apartamento na Mouraria, Lisboa!
T2 em prédio rústico, na vibrante cidade de Lisboa! Apartamento acolhedor, com luz natural e soalho em madeira envernizada. Localização premium numa zona histórica e multicultural. Atualmente habitado por um casal. Não perca esta oportunidade única de viver ou investir em Lisboa! Venha visitar!
Dois agentes imobiliários fazem visitas a um apartamento na Mouraria. São cinco visitas em cinco épocas marcantes da cidade - 2012, 2017, 2020, 2024, 2030. A cidade, a casa e o casal que a habitam são os mesmos. É o preço do metro quadrado que muda consoante o contexto político-económico. E com ele o discurso, as abordagens de venda e a vida daquele casal, entre a esperança e a precariedade, a euforia e o desencanto.

Uma performance de Marta Jardim e Zé Bernardino: dois artistas, freelancers, precários flexíveis, que ainda vivem no centro de Lisboa.
Bem-vindos a uma experiência imobiliária em Lisboa!

Ideia e criação: Marta Jardim e Zé Bernardino

Foto À Venda com gentre dentro imagem: ©Marta Jardim e Zé Bernardino imagem: ©Marta Jardim e Zé Bernardino

05.10. - 06.10.2024 | 11h00; 12h00; 15h00; 16h00; 17h00

11 Casa Nossa - Uma visita às residências sociais do projeto artístico Residências Refúgio

Danylo Kliutsko, Alice Bué Mundele, Ivanna Korzh, Rasul Ranjbar
Jardins do Bombarda, Lisboa

Nesta visita podemos conhecer a casa "Residências Refúgio", onde residem o Fazel Utast (Afeganistão), o Danilo e a Ivanka (Ucrânia), a Alice (República Democrática do Congo) e o Rasul (Irão). Cada quarto está inspirado nos/nas seus/suas residentes. No quarto de Danilo e Ivanka encontram os instrumentos e roupas tradicionais, que usam para os seus espetáculos e para os seus estudos artísticos. No espaço do Rasul estão as suas obras plásticas, assim como os pincéis e as ferramentas que usa na sua arte. A Alice revela os seus trabalhos de costura e artes visuais num quarto onde cabe o seu mundo inteiro. O Fazel apresenta vídeos dos seus trabalhos em Portugal, bem como uma mostra dos instrumentos musicais e trajes que trouxe consigo do Afeganistão. Em cada sessão a visita será feita por cada um(a) dos/das seus/suas residentes ao seu espaço privado. A proposta é dar a conhecer e a sentir o pulsar da vida do projeto "Residências Refúgio", do Largo Residências, e dos cantos do Jardins do Bombarda. Trata-se de contar e partilhar as histórias que aqui acontecem e evidenciar os diferentes caminhos, pelos quais as práticas artísticas fomentam a integração de refugiados, através de atividades culturais, documentais, de mediação e de reflexão. Desde 2020 que o Largo desenvolve um programa de alojamento de transição, com a duração máxima de dois anos. Neste programa pretendem-se criar condições de alojamento dignas, bem como a inclusão destes artistas no panorama cultural português e/ou internacional.

Ideia e criação: Danylo Kliutsko, Alice Bué Mundele, Ivanna Korzh, Rasul Ranjbar

Foto Casa nossa imagem: ©Largo Residências imagem: ©Largo Residências

05.10. - 06.10.2024 | 12h00 - 13h30; 15h00 - 18h00

12 A Casa a quem a Habitar

Vanda R Rodrigues e Ana Gago
Graça, Lisboa
Performance Espetáculo de Amor sobre a Gentrificação às 12h30 | 15h30 | 16h30

A CASA A QUEM A HABITAR é uma derivação da exibição Espetáculo De Amor Sobre a Gentrificação, criada em 2019, por Vanda R. Rodrigues. A derivação é composta por três obras interconetadas, cada uma ocupando diferentes divisões da casa, num conjunto que explora ligações entre gentrificação, despejos e afetos:
1-VÍSCERAS é uma instalação sonora contínua, composta por Vanda R. Rodrigues, a partir de textos e entrevistas com moradores de Alfama, recolhidas por Ana Gago entre 2015 e 2017. As entrevistas formam uma densa tapeçaria sonora que reproduz histórias de despejos e ecos de impotência e revolta.
2-COZINHA - O mapa dos alojamentos locais, ou o processo em banho-maria da destruição da cidade de Lisboa, é uma performance duradoura, executada por Ana Gago, a qual mapeia o crescimento dos alojamentos locais em Lisboa desde 2012. Durante 6 horas, são marcados pontos num mapa da cidade, em papel, representando cada novo alojamento local. As vozes de VÍSCERAS acompanham a intensificação dos pontos no mapa.
3-ESPETÁCULO DE AMOR SOBRE A GENTRIFICAÇÃO é uma peça documental, onde Vanda R. Rodrigues entrelaça o léxico da especulação imobiliária e consequentes desalojamentos com memórias pessoais de relações amorosas passadas. A performance segue um mapeamento biográfico, que espelha a demolição de bairros e a gentrificação turística, refletindo a perda de laços comunitários e culturais.
Uma exibição onde o coletivo e o pessoal se confundem e se voltam a separar, para poder exigir do Estado Social o que não se pode exigir a uma pessoa que deixa de amar.

Criação e interpretação: Vanda R. Rodrigues
Consultoria científica, entrevistas e interpretação: Ana Gago
Para a composição sonora, as entrevistas foram interpretadas por Ana Gago, Beatriz Braz, Bernardo Gavina, Diana Narciso, Marina Leonardo e Vanda R. Rodrigues
Fotografia de divulgação: Brecht De Vleeschauwer
Apoio criativo e técnico à fotografia: André Campos
Produção: Antípoda A.c.
A Antípoda A.c. é uma estrutura apoiada pela república portuguesa/direção geral das artes, o município de Évora, o Crédito Agrícola e a Fundação Eugénio de Almeida
 

Foto A casa a quem a habitar imagem: ©Brecht De Vleeschauwer imagem: ©Brecht De Vleeschauwer

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