COP26 em Glasgow
Protestos com grande impacto
Um dos requisitos mais importantes para que os atos de protesto sejam bem-sucedidos é ter pessoas verdadeiramente influentes à volta dos mesmos. E não há melhor lugar para tal do que a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas.
O que é a COP26?
No artigo anterior, a Lola falou-nos das formas que os ativistas belgas arranjaram para adaptar as suas estruturas organizativas à pandemia e ao social distancing. E mesmo que ainda não saibamos ao certo se a situação terá melhorado o suficiente para que as reuniões físicas voltem a ser possíveis, a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26) deverá acontecer na cidade britânica de Glasgow na primeira quinzena de novembro.Durante estes dias, políticos, jornalistas, ONGs e ativistas de até 200 países reunir-se-ão a fim de perseguir um grande objetivo: acelerar a proteção climática por meio de planos governamentais concretos que visam reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, como fez a Espanha, por exemplo, com a sua nova lei de proteção climática. Desta forma, pretende-se limitar o aquecimento global e cumprir os compromissos do Acordo de Paris, que vários países assinaram há mais de cinco anos.
Um palco importante para os ativistas
De acordo com a Marta, a porta-voz da Fridays For Future Espanha, cada COP oferece uma grande oportunidade pelo facto de a sociedade direcionar a sua atenção para a emergência climática. Os ativistas aumentam, assim, a sua margem de manobra, passando a poder exercer influência sobre as instituições com um grande impacto e sem entraves. O Alberto e a Marta, ativistas da Extinction Rebellion e da Fridays For Future Madrid contaram-nos, no nosso canal de YouTube Climabar, que "as ações individuais são importantes, mas nada é mais eficaz do que aderir a um coletivo".
O maior desafio é desencadear um debate climático que abranja um nível mais profundo socialmente do que o discurso oficial e institucional. É por isso que estes protestos são tão importantes, porque podem fazer passar esta mensagem de uma forma impressionante e direta. A Marta diz-nos ainda que os ativistas, por terem recursos financeiros mais reduzidos, se veem com dificuldades acrescidas na conferência em se assumirem e se fazerem ouvir diante dos atores privados.
Os ativistas que têm acesso à COP26 são os que fazem parte de uma organização da sociedade civil. A fim de protestar no evento, seja com o seu próprio grupo ou com outros associados, eles têm de se preparar durante meses: debatem, formulam as suas reivindicações, escolhem os seus delegados e pensam nos representantes a que se querem dirigir.... Meses de preparação estratégica! Estas ações em grande escala são algo impressionante, permitem-lhes ser o centro das atenções e transmitir uma mensagem forte, tal como a de que as metas de redução de emissões definidas na lei de proteção climática espanhola não são suficientes.
Mas nem todos os protestos se baseiam numa preparação a longo prazo. Por vezes, surge de forma totalmente espontânea uma oportunidade única de atrair a atenção de uma figura-chave. Ou é tomada uma decisão que os ativistas sentem ser tão prejudicial para o planeta que se têm de organizar rapidamente para reagir. Podem ver aqui uma das maiores ações iniciadas no ano passado na COP25, em Madrid: