Expressões formuladas
Aprender em grande estilo

Geralmente, quem é muito detalhista não consegue ver o todo.
Geralmente, quem é muito detalhista não consegue ver o todo. | Fotografia: © complize – photocase.de

O termo “vocabulário”, geralmente, traz à mente dos alunos listas intermináveis de palavras que precisam ser treinadas. Entretanto, na realidade, existem na língua expressões idiomáticas que têm significados específicos e que vale a pena serem observadas mais de perto, inclusive devido à sua conotação cultural.

Nos livros didáticos e de exercício, grupos de palavras como ”Öl ins Feuer gießen” (Por lenha na fogueira), muitas vezes, são denominados de unidades complexas, ditados populares, retóricas, estruturas de verbos funcionais, idiomas e colocações. Todas essas designações podem ser reunidas no conceito “expressões formuladas”, que são combinações fixas de palavras, com vários elementos, denominados “formulados”, porque os componentes não podem ser combinados aleatoriamente. Elas ocorrem com frequência na língua, estão ligadas a situações específicas e têm estruturas de diversas complexidades, bem como significados concretos ou figurados. Alguns exemplos no quadro a seguir permitem visualizar a diversidade das expressões.

Fazer uma pergunta Estar passando por uma crise grav [Este assento] ainda está livre?) 
Amor platônico Passar a perna em alguém Rir com gosto
Números positivos Fotografias nítidas Com cordiais saudações
Até logo aprox.: Quem chega cedo, ganha    

Identificar expressões formuladas 

Identificar essas expressões nem sempre é fácil, porque os alunos se fixam mais nas palavras. Eles precisam de estratégias que os ajudem a reconhecer a característica da multiplicidade de elos e da utilização consolidada. Exercícios de busca de textos, onde os alunos procuram palavras associadas, estreitamente ligadas entre si, integradas nos exercícios de compreensão da leitura, podem ser úteis. As correspondências na língua materna podem ajudar na busca, principalmente quando os componentes não são equivalentes na língua-alvo ou final. O quão específico um vocabulário é mostrado claramente, observando do ponto de vista de outra língua, da língua materna ou de uma língua estrangeira.
 
Por exemplo, do ponto de vista da língua inglesa, chama a atenção a expressão “Vorurteile abbauen” (Acabar com preconceitos), porque a tradução literal resultante (neste caso, “to break down a prejudice”) não se usa em inglês. A sensibilização para as expressões adquire importância especial quando o glossário de um livro didático contém principalmente palavras soltas. Esses glossários fazem com que os alunos se apeguem com mais força a palavras; por isso, é muito importante realizar uma complementação por meio de expressões. Se essas complementações são apresentadas em ferramentas digitais, como o Quizlet, o grupo pode elaborar um glossário aprimorado em conjunto. Ilustrações adicionais assim como links de textos e músicas associados mostram as expressões no texto e aumentam o efeito de aprendizagem. 

A aplicação de “chunks”
 

A aplicação de “chunks” representa uma utilização prática do conhecimento relacionado com expressões formuladas. Quando os alunos tentam construir suas afirmações a partir de palavras isoladas, seu ritmo de fala se torna mais espaçado. Em compensação, usar “chunks” (literalmente “blocos”, “pedaços grandes” [de fala]) leva a uma fala mais fluida. Os “chunks” são peças prontas um pouco maiores de linguagem na memória, armazenadas no dicionário mental como um todo, em “blocos”. Para a memória, usar “chunks” é econômico, porque reduz o esforço cognitivo.
 
Para que os “chunks” na língua-alvo permaneçam fundamentados na memória, eles precisam ser tratados e fixados como unidades durante o processo de aprendizagem. Usemos como exemplo a expressão “Herzlichen Glückwunsch” (Parabéns). A aproximação funcional é típica de uma aplicação de “chunk”. A expressão é treinada em um diálogo dentro da situação “felicitar alguém por uma ocasião especial” e automatizada através da repetição contínua. Para a fixação, os alunos aprendem a expressão em um novo contexto. O armazenamento permanente é assegurado quando a expressão é ligada a eventos próprios relevantes durante a fase de utilização. Em princípio, a forma gramatical – neste exemplo, em que a combinação das palavras está no acusativo – não vem ao caso. Como os alunos armazenam a unidade como um todo, eles não precisam de regras. Claro que o importante é que não assumam a expressão com erros.
 
 Os textos com lacunas, em que uma parte da expressão formulada está ausente, não são considerados de muita ajuda para o aprendizado. No máximo, servem para o controle do rendimento. Para que o vocabulário seja alicerçado, é preciso que os alunos tenham em mente a expressão inteira como um todo, sem lacunas. Em vez de textos com lacunas, os alunos recebem formas diferentes de escrever o significado e reconhecem no texto onde eles se encontram como um todo. Um exercício produtivo poderia ser, por exemplo, escrever ou falar com orientação específica, como parte de uma tarefa voltada para a prática.


Quem examina as coisas com detalhes descobre certas particularidades culturais.
Quem examina as coisas com detalhes descobre certas particularidades culturais. | Fotografia: © Pexels/Cottonbro Studio

O contexto cultural

Depois que a expressão está automatizada como uma unidade, vem a fase da conscientização deslocada no tempo. Os alunos debatem explicitamente sobre o contexto ou em qual situação a expressão pode ser usada de forma adequada. Neste sentido, as indicações etimológicas têm a vantagem de transmitir informações histórico-culturais aos alunos, além do incentivo da aprendizagem. O tratamento desse tipo de expressão associada à cultura também contribui para o desenvolvimento da competência intercultural. Dessa forma, lidar com a colocação “Hände schütteln” (Dar a mão) pode fornecer informações sobre as situações nas quais os participantes de uma comunicação estendem a mão para se cumprimentarem nas regiões onde se fala a língua alemã.

Os links na coluna à direita direcionam a vários exercícios para diferentes níveis de aprendizagem e representam uma boa ajuda para exercitar essa e outras expressões consolidadas. Portanto: “Auf die Plätze, fertig, los!” (a postos, preparar, partir!)

 

Literatura

Barkowski, Hans/Grommes, Patrick/Lex, Beate/Vicente, Sara/Wallner, Franziska/Winzer-Kiontke, Britta (2014): Deutsch als fremde Sprache. (=Deutsch Lehren Lernen; 3). München: Klett-Langenscheidt.

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