Qualificação de professores de alemão: estudos, especialização e formação continuada
Desenvolvimento e conexão em rede

A base para o ensino adequado de alemão como língua estrangeira ou segunda língua é estudar para a profissão de docente de alemão. No entanto, como será a qualificação adequada para poder enfrentar os novos desafios globais, mas também regionais?

Resumo

A qualificação do professor de alemão é um espelho da posição da língua alemã nas regiões e nos países. A perda ou o ganho de importância da língua alemã como língua estrangeira exerce efeito sobre a formação de professores de alemão e de Germanística na universidade. Os sistemas de estudos nacionais preveem regulamentações altamente diferenciadas para os cursos de professor; a política de ensino e cultura no exterior pode prestar suporte valioso na qualificação dos alunos da língua alemã. Tendo em vista a alta velocidade com que as mudanças globais estão acontecendo, competências-chave, como flexibilidade, capacidade de adaptação assim como de aprender durante a vida inteira, são objetivos de qualificação centrais dos estudos, da especialização e da formação continuada justamente visando a aquisição dos fundamentos da metodologia e didática de ensino e a reflexão voltada à prática.

Em princípio, a profissão do professor e da professora de alemão demanda formação acadêmica. No entanto, no raciocínio oposto, isto não significa que somente professores academicamente qualificados são empregados no ensino de alemão como língua estrangeira ou segunda língua. Isso tem diversas causas, por exemplo, somente os professores de alemão como língua estrangeira que queiram lecionar em cursos de integração na Alemanha precisam comprovar que têm diploma acadêmico de alemão como língua estrangeira ou como segunda língua. Se isto não estiver disponível, deve ser adquirida, pelo menos, uma qualificação adicional em instituições certificadas. Em outras áreas do fomento idiomático de migrantes, esses processos de garantia da qualidade no recrutamento de pessoal docente não estão presentes. Além disso, as atividades letivas de alemão como língua estrangeira são realizadas, muitas vezes, dentro de relações trabalhistas precárias e inseguras ou realizadas, até mesmo, como voluntariado. Nos países de língua alemã, os termos “professor de alemão como língua estrangeira” ou “professor de alemão como segunda língua” não são protegidos. Tanto nesse caso como também na formação extracurricular no exterior, as próprias instituições ou as escolas de idiomas privadas determinam quais qualificações elas exigem do seu pessoal docente.
 
Nas escolas e universidades públicas nacionais e internacionais o que acontece é diferente. Nesses casos, somente pode lecionar alemão quem preencher as determinações nacionais ou regionais – o que pode representar uma grande diferença em termos de abrangência e conteúdo do curso superior. Entretanto, infelizmente é uma triste realidade no mundo todo, o fato de apresentar uma qualificação acadêmica comprovada não garante obrigatoriamente bons salários.

MELHOR COMBINAÇÃO DAS PROPOSTAS

Em muitos países, há uma procura crescente de professores de alemão devidamente qualificados. Já existem, em parte, indicações de uma escassez cada vez mais dramática de professores de alemão – por exemplo, em regiões nas quais a busca por propostas de cursos de alemão tem passado por um forte crescimento. Em outros países, a procura diminuiu e, ao mesmo tempo, o número de estudantes de Germanística é reduzido. Nos lugares onde o alemão é substituído nas escolas pelo inglês como “Língua franca” ou retirado da grade de idiomas estrangeiros em favor de idiomas correntes regionais, isto tem consequências decisivas para a formação de professores de alemão como língua estrangeira e, portanto, para a existência da Germanística universitária. Enquanto isso, a procura por aulas de alemão extracurriculares aumenta justamente naqueles países em que faltam professores qualificados.

Ao mesmo tempo, existe muita coisa a ser feita pela formação de professores de alemão em vista dos desenvolvimentos mais recentes dos grupos-alvo dos alunos de alemão e dos desenvolvimentos científicos e didáticos da mídia. As expectativas em relação ao perfil de competência no campo profissional do alemão como língua estrangeira ou segunda língua têm crescido, tendo em vista que, além das competências idiomáticas, técnicas, didáticas, de mídia e conhecimentos gerais do país (incluindo sempre nessa consideração as competências didáticas práticas correspondentes) e das competências pedagógicas em geral, cada vez é mais esperado que os professores continuem desenvolvendo asua competência de reflexão e atuação em relação à profissão.

Esses desenvolvimentos exigem novos conceitos políticos de ensino, de como é possível aprimorar e reforçar as estruturas dos cursos para lecionar alemão, mas também como recrutar e qualificar pessoal docente de alemão de forma complementar aos estudos clássicos como professor de alemão. Esses conceitos devem poder ser aplicados de modo flexível em diferentes regiões e, ao mesmo tempo, atender principalmente as camadas especiais de necessidades regionais. Eles devem satisfazer as exigências científicas e práticas e ser utilizados (em um segundo plano) onde sejam necessários com urgência. É necessário pensar sobre a qualificação dos professores de alemão de forma mais intensa como acompanhamento de carreira, como uma formação continuada, tendo em vista a rapidez do ritmo das mídias, as possibilidades de aprendizagem, os níveis de necessidade e os desenvolvimentos científicos: a combinação mais adequada de estudos, especialização e formação continuada é uma tarefa de desenvolvimento importante para as universidades, do mesmo modo como para organizações mediadoras e outros responsáveis por cursos e formações especializadas.

APRIMORAMENTO DA FORMAÇÃO ACADÊMICA PARA PROFESSOR DE ALEMÃO

A formação acadêmica dos professores, inclusive os de alemão, é um assunto que vem sendo discutido há muitos anos. A exigência frequente de uma relação mais clara entre a profissão e a prática e as questões referentes à aula foi abordada de diferentes formas nos ciclos de estudos. Nos países de língua alemã, a relação entre os estudos de graduação e de mestrado de alemão como língua estrangeira e segunda língua com a profissão ficou destacada mais uma vez de forma clara, inclusive pela reforma denominada de Bolonha. A didática de língua estrangeira ou segunda língua é uma parte integrante dos programas de formação e das práticas letivas.
 
Nos países onde não se fala alemão como língua principal, a relação da profissão com os cursos universitários de Germanística depende do status da reforma do ensino superior e das regulamentações locais, regionais e nacionais, assim como da naturalidade dos estudos de Germanística universitários, que nem sempre se considera responsável pelas tarefas voltadas à prática. Dependendo do sistema nacional de ensino, a formação como professor de alemão está integrada na Germanística universitária ou situada em instituições acadêmicas estatais próprias que possuem departamentos de idiomas estrangeiros. A grade curricular do ensino superior é igualmente heterogênea. Normalmente, possui um núcleo que está relacionado com Literatura, Cultura e Línguas, bem como com a aquisição e o aperfeiçoamento dos conhecimentos da língua alemã (dependendo do nível de conhecimento inicial necessário). Em relação ao perfil profissional, ao foco na prática e na qualificação do campo profissional, os programas de estudo se diferenciam bastante entre eles, mesmo que os campos profissionais em potencial sejam idênticos nas diferentes regiões: “profissão de professor de alemão”, “tradução/interpretação”, “comunicação (econômica) intercultural” e “atividades científicas”.

Há alguns anos, associações nacionais e internacionais de professores de alemão e de Germanística, assim como a Associação Internacional de Professores de Alemão (IDV, na sigla em alemão) ou a União Internacional de Germanística (IVG, na sigla em alemão) vêm discutindo com maior intensidade sobre como será o desenvolvimento futuro do currículo de Germanística, para poder atender melhor às crescentes exigências científicas e aquelas voltadas ao campo profissional.
 
Entretanto, em todo o mundo, geralmente os Departamentos de Germanística nas universidades são unidades (muito) pequenas. Os desenvolvimentos da grade curricular depende da capacidade, dos equipamentos e da liberdade que é permitida pelas condições nacionais, regionais e locais. Nem sempre há pessoal universitário suficiente disponível para as tarefas exigentes nos campos do ensino e da pesquisa. As lacunas estão presentes justamente nas áreas de “Didática/Metodologia” ou “Ensino/Aprendizado”, inclusive no que diz respeito ao fomento de jovens talentos. Neste sentido, existem ações promissoras da cooperação entre Departamentos de Germanística e de alemão como língua estrangeira locais de universidades alemãs, que desenvolvem os programas de estudos de Germanística através de subsídios da política de Cultura e Ensino no Exterior e treina os jovens talentos profissionais, assim como os docentes no estudo como professor de alemão.

REFORÇO DA ESPECIALIZAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA
 

Em muitas regiões no mundo todo, as medidas de formação continuada e especialização no campo de alemão como língua estrangeira se tornam cada vez mais necessárias. Naqueles lugares em que a necessidade de cursos de alemão aumenta, logo falta pessoal devidamente qualificado e, muitas vezes, não existe a possibilidade - ou somente de forma limitada - de formação acadêmica como professor de alemão como língua estrangeira. As propostas de formação continuada e especialização também podem preencher aquelas lacunas em que os formandos em cursos universitários de Germanística primeiro precisam desenvolver uma orientação prática mais intensiva. No entanto, a necessidade de formação continuada e especialização existe mesmo naquelas regiões em que a procura da língua alemã é reduzida. Justamente nessas áreas é importante manter uma oferta de aulas de alemão com pessoal docente qualificado, para não acelerar o retrocesso ainda mais.
 
O Instituto Goethe oferece uma variedade de propostas de formação continuada e especialização por meio do programa básico denominado Aprender a Ensinar Alemão (DLL, na sigla em alemão). Além disso, também possui seminários e workshops, que são elaborados, por exemplo, através de “Especialistas para a aula” em Institutos Goethe locais. As propostas de especialização são oferecidas, entre outros, pelas Associações de Professores de Alemão e pela Associação Internacional de Professores de Alemão.
 
Quando o interesse prático em cursos de alemão na fase intermediária entre a escola e a vida profissional – ou paralelamente à vida profissional – aumenta, são necessários professores de alemão como língua estrangeira qualificados para o ensino de adultos e que possuam as competências idiomáticas profissionais e didáticas correspondentes. A necessidade de professores de alemão profissionalmente treinados também é crescente na área da oferta de ensino acadêmico de alemão, por exemplo, em relação ao ensino da língua alemã em projetos universitários no exterior, em que certas matérias são estudadas em alemão, como Mecatrônica ou Direito. Também nestes casos, as propostas de formação continuada e especialização podem preencher lacunas nas ofertas de qualificação, embora essa área ainda represente um alvo a ser desenvolvido, principalmente do ponto de vista internacional.
 
 E, a médio e longo prazo, é urgentemente necessário que as exigências de qualificação no campo idiomático e didático do ensino de idiomas sejam levadas em consideração já na formação acadêmica básica como professor de alemão.
 

Literatura

Krumm, Hans-Jürgen; Riemer, Claudia: „Ausbildung von Lehrkräften für Deutsch als Fremdsprache und Deutsch als Zweitsprache.“ In: Krumm, Hans-Jürgen; Fandrych, Christian; Hufeisen, Britta; Riemer, Claudia (Hrsg.): Deutsch als Fremd- und Zweitsprache. Ein internationales Handbuch (Handbücher zur Sprach- und Kommunikationswissenschaft/HSK, Bd. 2). Berlin/New York: de Gruyter 2010, 1340-1351.
 
Middeke, Annegret (Hrsg.): Entwicklungstendenzen germanistischer Studiengänge im Ausland. Sprache – Philologie – Berufsbezug (Materialien
Deutsch als Fremdsprache, Bd. 84) Göttingen: Universitätsverlag 2010.
 
Verschiedene Autoren: „Deutsch an Schulen und Hochschulen in nichtdeutschsprachigen Ländern: Bestandsaufnahme und Tendenzen“ In: Krumm, Hans-Jürgen; Fandrych, Christian; Hufeisen, Britta; Riemer, Claudia (Hrsg.): Deutsch als Fremd- und Zweitsprache. Ein internationales Handbuch (Handbücher zur Sprach- und Kommunikationswissenschaft/HSK, Bd. 2). Berlin/New York: de Gruyter 2010, 1602-1842.