Evento literário Flip::Flup – O encontro das festas literárias

Pós Flip:Flup Divulgação

14h - 16h - 18h - 20h

Biblioteca Parque Estadual

Escritores de diversas nacionalidades participam de quatro painéis de debate na Biblioteca Parque Estadual (BPE), na segunda-feira, dia 30 de julho.

Uma das palavras de ordem mais emblemáticas de Maio de 68 foi a pichação dos estudantes franceses, que exigiam “a imaginação no poder”. Esse slogan é umas das principais inspirações da VII Flip::Flup, o encontro das festas literárias, que levará escritores de diversas nacionalidades para a Biblioteca Parque Estadual (BPE), no dia 30 de julho.

Daí a mistura quase heterodoxa de autoras como a alemã Nina Reusch, a paulista Djamila Ribeiro e a italiana Igiaba Scego nos quatro painéis programados para a segunda-feria imediatamente posterior à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que debaterão temas como o feminismo, o racismo e a literatura pós-colonial. Todas as atividades são gratuitas.

Pela primeira vez, a Flip::Flup, parte dos processos de formação da Flup (Flup Pensa), conta com a parceria da EUNIC (European Union National Institutes for Culture) no Rio de Janeiro, da qual integram o British Council, o Goethe-Institut, o Instituto Cervantes, o Instituto Cultural da Dinamarca, o Instituto Francês do Brasil e a Aliança Francesa, e o Istituto Italiano di Cultura.

Para participar das mesas inscreva-se em tinyurl.com/flipflup18. Os 200 primeiros inscritos que chegarem no evento receberão um exemplar do "Dicionário da escravidão e da liberdade", de Flávio Gomes e Lilia Schwarz, ilustrado por Jaime Lauriano, trio que divide a mesa de abertura.

14h00
A tragédia que jamais admitimos
Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz
Mediador: Ricardo Teperman 
Tão falaciosa quanto a tese de que somos uma generosa democracia racial é a lenda de que não podemos revirar nosso passado escravocrata em razão do incêndio com que Ruy Barbosa teria destruído todos os registros da tragédia que jamais admitimos. Só vamos interromper o extermínio de nossa juventude negra quando entendermos as conexões entre o maior porto escravagista da história e o assassinato da vereadora Marielle Franco.

16h00
O eterno tabu
Djamila Ribeiro, Isabela Figueiredo e Nina Reusch
Mediadora: Giovana Xavier
A sexualidade feminina tem sido reprimida desde tempos imemoriais. Apesar de todas as conquistas de 1968, o corpo das mulheres continua sendo perseguido e mutilado pelas teocracias obscurantistas do Oriente Médio. A ascensão da direita e os grandes ciclos migratórios tornaram-se uma ameaça para as conquistas do movimento feminista.

18h00
A revolução como peça de museu
Lutz Taufer, Michael Goldfarb e Niels Hav
Mediador: Luis Eduardo Soares
Os 50 anos de Maio de 68 recolocaram a revolução na ordem do dia. No entanto, o desejo pelas grandes  mudanças, que pulsava nas ruas, parece ter sido catalogado como reminiscências de uma geração excepcional nos sóbrios corredores dos museus. Nunca se falou tanto de revolução e no entanto as multidões nunca estiveram tão sonolentas e apáticas.

20h00
Nunca nos sonharam
Alain Mabanckou e Igiaba Scego
Mediador: Thiago Ansel
As grandes migrações pós-coloniais não estão apenas redesenhando demograficamente as megacidades ocidentais, como Nova Iorque, Paris e Roma. Um inesperado ocidente menos branco, menos católico e menos cartesiano está se deslocando das caóticas ruas de Londres, Barcelona e Lisboa para as páginas dos melhores e mais pungentes romances da atualidade.

Convidados das mesas:

Alain Mabanckou é um autor congolês que se mudou na juventude para a França e hoje vive nos EUA. Tem uma formação que passa pelas Letras, pela Filosofia e pelo Direito. Escreve poesia e romance entre o absurdo e o filosófico, o que fez surgir a alcunha de “Beckett africano”. "Copo quebrado" e "Memórias de porco-espinho" (ambos publicados pela editora Malê) receberam láureas como o Grand Prix de la Littérature e o Prix Renaudot. Leciona literatura francesa e escrita criativa na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

Djamila Ribeiro, pesquisadora e mestre em Filosofia Política, tornou-se uma referência nacional por seu ativismo feminista e contra o racismo. É autora de “Quem tem medo do feminismo negro?” (Cia das Letras), coletânea de ensaios recém-lançada. Também é colunista da ELLE Brasil, Carta Capital, Blogueiras Negras e Revista AzMina e foi secretária adjunta de Direitos Humanos e Cidadania em São Paulo.

Flávio Gomes é professor da UFRJ, onde atua também nos programas de pós-graduação em História Comparada e em História, na UFBa. Foi agraciado duas vezes com o Prêmio Literário Casa de las Américas, do Instituto Casa de las Américas (Cuba), sendo menção honrosa em 2006 pelo livro “A hidra e os pântanos” e o vencedor em 2011 pelo livro “O alufá Rufino”, em co-autoria com João José Reis e Marcus Joaquim de Carvalho. Tem publicado dezenas de livros, coletâneas e artigos em periódicos nacionais e estrangeiros, atuando na área de Brasil colonial e pós-colonial, escravidão, Amazônia, fronteiras e campesinato negro.

Igiaba Scego é uma autora italiana de família somali. Escreve contos e romances cuja linguagem absorve fábulas, memórias e tradições africanas. Estudou Literatura Moderna na Universidade La Sapienza, em Roma, e trabalhou como jornalista. Está lançando, no Brasil, "Adua" e "Minha casa é onde estou", pela Nós, e o ensaio "Caminhando contra o vento", numa parceria Nós e Buzz Editora. Editou a antologia Italiani per vocazione (2005) e o livro de entrevistas Quando nasci è una roulette: Giovani figli di migranti si raccontano (2003), dedicados a registrar novas vozes de autores de diversas origens radicados na Itália.

Isabela Figueiredo, moçambicana de nascença e radicada em Portugal, é uma da mais destacadas vozes da literatura lusófona contemporânea. Professora e escritora, Isabela publicou em 2009 “Caderno de memórias coloniais”, com relatos baseados em sua infância africana em meio a uma guerra civil. O livro gerou um intenso debate em Portugal e transformou-se em referência nos estudos sobre pós-colonianismo. “A gorda”, seu primeiro romance, é sucesso de público e de crítica e foi lançado no Brasil pela editora Todavia.

Jaime Lauriano é um premiado artista plástico que nos convida a examinar as estruturas de poder contidas na produção da História. São instalações, peças audiovisuais, objetos e textos críticos que remetem e levam a refletir sobre cinco séculos de violentas relações mantidas entre sujeitos e instituições de poder e controle do Estado – sejam polícias, presídios, embaixadas, fronteiras. A intenção é trazer à tona traumas relegados ao passado, “dedo na ferida” mesmo, em uma proposta de revisão e reelaboração coletiva da História.

Lilia Schwarcz é historiadora e antropóloga, professora titular no departamento de Antropologia da USP e global scholar na Universidade de Princeton. É autora de, entre outros livros, “O espetáculo das raças”, “As barbas do imperador” (Prêmio Jabuti/ Livro do Ano 1998), “O sol do Brasil” (Prêmio Jabuti/Biografia 2009), “Brasil: uma biografia” (com Heloisa Murgel Starling) e “Lima Barreto: triste visionário” (2011). Junto com seu marido, Luiz Schwarcz, Lilia fundou a editora Companhia das Letras, a maior do Brasil, com mais de 6 mil títulos lançados desde 1986.

Lutz Taufer nasceu em 1944, em Karlsruhe (Alemanha), é ex-integrante do Sozialistisches Patientenkollektiv (SPK, em português Coletivo de Pacientes Socialista) e de movimentos contra a tortura de presos políticos na Alemanha. Entrou para o Baader-Meinhof em 1974 e, como membro do comando de Holger Mein, participou da ocupação da embaixada alemã em Estocolmo em abril de 1975. Em 1977, foi condenado duas vezes à prisão perpétua e passou 20 anos na prisão em regime de isolamento. Após sua libertação, trabalhou por muitos anos em uma ONG brasileira nas favelas do Rio de Janeiro. Atualmente vive em Berlim e é membro do conselho do Weltfriedensdienst, uma organização não-governamental que trabalha com parceiros na África, Ásia e América Latina na área de combate à pobreza e combate à violência. Durante a Flip, sua biografia „Atravessando Fronteiras - Da guerrilha urbana na Alemanha ao trabalho comunitário em favelas no Brasil” está sendo lançada pela editora Autonomia Literária.

Michael Goldfarb é jornalista, autor e podcaster. Nos últimos 30 anos, informou sobre conflitos, a resolução de conflitos e a cultura de 25 países, nos cinco continentes. Ele é o autor de ”A Guerra de Ahmad, A Paz de Ahmad: Sobrevivendo Sob o Saddam, Morrendo no Novo Iraque” e ”Emancipação: Como Libertar os Judeus Europeus do Gueto que Levou à Revolução e à Renascença“. Atualmente faz documentários de rádio para a BBC e apresenta o podcast FRDH: Primeiro Rascunho da História. Em 1968, ele estava em transição do ensino médio para a faculdade e esperando que a revolução esperasse por ele“.
 
Niels Hav nasceu em 1949 na cidade de Lemvig, área rural no oeste da Dinamarca. Estabelecido como uma voz nórdica contemporânea, em seu idioma natal publicou três livros de contos e seis coleções de poesia. Traduzido para mais de 10 idiomas, lançará durante a Flip seu primeiro livro na língua portuguesa: “A alma dança em seu berço” (Editora Penalux).

Nina Reusch estudou História, Estudos de Gênero e Sociologia na Universidade de Freiburg (Alemanha). De 2010 a 2014, trabalhou como pesquisadora associada na Universidade de Freiburg, onde em 2014 finalizou sua tese de doutorado sobre escrita de história popular na Alemanha Imperial (1890-1913). Em 2016 foi responsável por um projeto de história pública sobre a história LGBTIQ em Baden e Württemberg na Universidade de Stuttgart. Desde 2017, Nina Reusch trabalha como professora na Universidade Livre de Berlim no departamento de didática da história.
 
Mediadores:
 
Giovana Xavier é professora da Faculdade de Educação da UFRJ e uma das mais expressivas lideranças negras no campo acadêmico. Formada em história, tem mestrado, doutorado e pós-doutorado por pela UFRJ, UFF, Unicamp e New York University. Em 2017, organizou o catálogo “Intelectuais Negras Visíveis”, publicado em parceria com a Editora Malê, que elenca 181 mulheres negras de diversas áreas em todo o Brasil. Ela também é autora do blog “Preta ‘Dotôra", onde relata suas vivências como mulher negra, mãe e acadêmica.
 
Luiz Eduardo Soares é uma das principais referências sobre o tema da segurança pública no Brasil. Foi Subsecretário de Segurança do Estado do Rio e é autor ou coautor de dezenas de livros, incluindo o best-seller "Elite da Tropa" (com André Batista e Rodrigo Pimentel), que deu origem ao filme “Tropa de Elite”. Junto com Heloísa Buarque de Holanda, Luiz Eduardo é “padrinho” da FLUP, sendo um dos primeiros nomes de peso a apostar no sucesso da nossa festa, na primeira edição, lá em 2012.
 
Ricardo Teperman é músico, antropólogo e editor na Companhia das Letras. Doutorando no Departamento de Antropologia Social da USP, sua dissertação de mestrado foi sobre batalhas de MCs. É autor de “Se liga no som - As transformações do rap no Brasil”, um profundo resgate da história do gênero e seu alcance no Brasil. Estreou como editor com o fenômeno “O sol na cabeça”, de Geovani Martins, e editou “Quem tem medo do feminismo negro?”, de Djamila Ribeiro.
 
Thiago Ansel é jornalista, com mestrado e doutorado em Comunicação pela UFRJ. Trabalhou como balconista e cobrador de vans para custear a graduação em jornalismo e atuou na ONG Criola e no Observatório de Favelas antes de ser convidado para coordenar a comunicação da campanha “Vidas Negras” da ONU, pelo fim da violência contra jovens negros.

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