Reinventando SMETAK
Salvador
Entrevista Bárbara Smetak
Curadora da obra do pai, Bárbara Smetak defende a criação de um espaço único para abrigar as Plásticas Sonoras e os livros e fitas inéditos que ela guarda na casa onde o artista viveu, na Federação. Para Bárbara, o concerto da Ensemble Modern é uma celebração de Smetak e coloca a memória dele em evidência, revelando a importância da sua música e do seu pensamento.
Como você, que é curadora da obra, definiria para jovens músicos ou mesmo para o público mais jovem o trabalho de seu pai?
Há muita gente se interessando e discutindo a importância do trabalho de Smetak. Ele está sendo colocado como uma grande referência para a música. A verdade é que o mundo agora quer Smetak e Smetak só existiu um. A música, a arte espiritual e o pensamento dele são únicos.
As Plásticas Sonoras estão em exposição permanente no Centro Cultural Solar Ferrão, no Pelourinho, mas há diversos escritos inéditos que ainda são guardados em sua casa, na Federação, onde Smetak viveu. Há muito tempo você planeja que toda a obra seja reunida em um só lugar. Como anda esse projeto para a criação de um museu dedicado exclusivamente a ele?
Precisamos criar o Instituto Walter Smetak, para que não só suas obras sejam expostas, mas os livros e as fitas com muito tempo de gravação se tornem acessíveis ao público. Os livros precisam ser digitalizados e conservados, para que as pessoas tenham acesso. Precisamos ainda de um luthier, que de seis em seis meses faça pequenos reparos nos instrumentos. A obra de Smetak deve ser colocada em um só espaço, os discos, as fitas e as Plásticas. Para mim, o acervo só vai ficar completo quando estivermos com tudo junto. É o meu sonho.
O que você achou desta iniciativa de incentivar compositores contemporâneos a produzir peças para um concerto da Ensemble Modern tendo a obra de Smetak como inspiração?
É emocionante ver Smetak colocado no patamar que ele sempre mereceu e merece estar, tocado pelo principal grupo de música contemporânea em atividade, destacado como um dos grandes do século 20, discutido em simpósio, o que revela a importância da sua obra e do seu pensamento. Smetak está sendo celebrado, as músicas foram muito bem escritas e com o uso dos instrumentos criados por ele. Estou muito feliz com tudo isso.
Em 2013, ano do centenário de Smetak, você estava editando um dos muitos livros inéditos de Smetak, de poemas. O que foi feito deste projeto?
O livro se chama “Para Crianças Grandes e Adultos Pequenos”. Ainda não conseguimos publicá-lo. É um trabalho muito bonito e tem esse título sugestivo, além de desenhos feitos pelo próprio Smetak, é um livro maravilhoso. Fizemos uma seleção na ocasião do centenário, eu e James Martins, porque o livro original tem 365 páginas, nós escolhemos 100 por conta do centenário. Mas continuo tentando publicar. Não deu certo em 2013, mas, até 2018, vamos conseguir.