Dança, teatro, música IC12: arte como luta

IC12 - arte como luta © Juliana Rangel

3ª, 21.08.2018 -
dom, 26.08.2018

Corredor da Vitória

IC12 – ARTE COMO LUTA

Encontro internacional de artes, IC promove programação que exalta viés político da produção artística

Linn da Quebrada, Daspu e os artistas censurados Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz são destaque do evento
 
Em tempos de crises sociais, políticas, econômicas e simbólicas de grandes magnitudes, a 12ª edição do encontro internacional de artes IC será movida pelo mote “Arte como Luta”. Realizado pela Dimenti Produções Culturais em parceria com a Associação Conexões Criativas, o evento ocorre de 21 a 26 de agosto, no Goethe-Institut Salvador-Bahia, no Teatro Experimental da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Forte do Barbalho e em ruas da cidade. Em sua programação, com atrações gratuitas ou ao preço de R$ 20 (inteira), espetáculos, performances, shows e intervenções são protagonizados por elencos de representatividade em questões de raça, sexualidades, direitos civis e movimentos sociais, vítimas de linchamentos públicos e ativistas de visibilidade a suas existências. Ingressos já estão à venda em www.sympla.com.br/ic.

“Poderia soar redundante aderir a este lema, mas a realidade expõe como estamos longe de esgotá-lo. O IC12 é de ‘Arte como Luta’ porque precisamos reforçar a liberdade criativa, combater as censuras e resistir diante de retrocessos”, comenta Ellen Mello, uma das curadoras do festival. “Arte é lugar de política, de força transformadora. A fruição da produção artística não deve se limitar a confirmar aquilo que já é consenso. As complexidades do mundo e a subversão de ideias opressoras devem motivar a criação e a experiência dos públicos”, completa.
 
Estudantes, travestis, prostitutas, militantes, artistas perseguidos, negros e negras, indígenas, periferias e outros indivíduos marginalizados são atores de um total de nove atividades, em 13 diferentes sessões. Destaque para o show da artista multimídia Linn da Quebrada, que será aberto com desfile da grife Daspu, no dia 24. Outra presença que está criando grande expectativa é do espetáculo “Domínio Público”, que reúne Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz, artistas que, no ano passado, foram objeto de acalorados debates em torno da liberdade de expressão, censura e limites na arte.
 
Para a abertura do IC12, “Quando Quebra Queima” é uma obra construída por estudantes que viveram o processo de resistência e ocupação de escolas em São Paulo, entre 2015 e 2016 – a “dança-luta” da ColetivA Ocupação será apresentada nos dias 21 e 22. Atração internacional, a Societat Doctor Alonso, da Espanha, traz “Anarchy”, uma peça que questiona o poder e a interdependência social, nos dias 25 e 26.
 
Da Bahia, “QUASEILHAS”, obra de Diego Pinheiro assinada pela ÀRÀKÁ – Plataforma de Criação em Arte, é um mergulho na memória afro-diaspórica, integralmente em idioma africano, o yorùbá, com sessões nos dias 23 e 24. Representando as pautas indígenas, José Urutau Guajajara e Potyra Krikati (RJ/MA) propõem a ação “Urutau – Artivismo Indígena em Contexto Urbano”, no dia 26.
 
IDENTIDADE, RESIDÊNCIA E BATALHA – A identidade visual do IC12 é composta por desdobramentos do projeto LUTO, da artista baiana Talitha Andrade. Munida de conceitos como guerrilha, artivismo, arte urbana, feminismo, Latino-América e resistência, a série emerge como prática visual em muros e ruas de Salvador. Incluindo e transpondo a intervenção urbana, o evento abarca na programação novas obras de Talitha, nas ruas e nas dependências do Goethe-Institut, com criação ao vivo no dia 22.
 
Outra prática de engajamento será resultante de uma residência artística do RaSHa SHow, vindo do Piauí. O coletivo vai somar a seus membros 20 participantes selecionados de Salvador, que passarão por uma vivência entre os dias 21 e 24 para apresentar, no dia 25, o “RASHA BATALHA”, ato inspirado nas tradicionais batalhas de breaking, mas combatendo o controle sobre corpos, o preconceito e a hipocrisia. Interessados podem se inscrever até 10 de agosto em www.icencontrodeartes.com.br/ic12/rasha.
 
Após a performance-batalha, a DJ Nai Sena, da Bahia, comandará a pista de dança para uma festa na noite de sábado – afinal, festejar e ser feliz são dos mais potentes atos políticos!
 
SOBRE O IC – Realizado anualmente desde 2006, o IC Encontro de Artes é uma iniciativa artística independente, contemporânea e desafiadora, concebida de forma continuada e impulsora de instigantes processos para a produção cultural da Bahia e do Brasil. O projeto abre espaço para articulações, reflexões e intercâmbios como uma plataforma pluriartística de criação e difusão, intermeando os campos da dança, teatro, performance, música, audiovisual e artes visuais, além da crítica artística e da comunicação. Tudo sustentado em princípios como experimentação, deslocamento, risco, livres relações entre processo e produto, flexibilidade e criticidade. Cada edição é atravessada por uma questão simbólica que orienta o processo curatorial e a composição da programação, em consonância com aquilo que move a criação de artistas em diferentes partes do mundo, em associação com as pesquisas dos próprios artistas-curadores-produtores: Ellen Mello, Fábio Osório Monteiro, Jorge Alencar, Leonardo França e Neto Machado.
 
O IC12 tem apoio financeiro do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda, contemplado pelo Edital de Eventos Culturais Calendarizados.
 
IC12: ARTE COMO LUTA
Quando: 21 a 26 de agosto de 2018
Onde:
  • Goethe-Institut Salvador-Bahia (Av. Sete de Setembro, 1809 – Corr- edor da Vitória)
  • Forte do Barbalho (R. Mal. Gabriel Botafogo, s/n – Barbalho)
  • Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA (Av. Adhemar de Barros, s/n, Campus de Ondina - Ondina)
  • Ruas de SalvadorQuanto: Atividades gratuitas ou ao preco de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Ingressos à venda em www.sympla.com.br/ic
Apoio: Centro de Dança do Distrito Federal | Coletivo4 | Rádio Educadora FM Bahia | Escola de Dança da UFBA | Guima Viagens | Haus Kaffee | Hotel Bahia do Sol | Mitti Andaimes | Villa Salute | Teatro Castro Alves
Apoio Institucional: Goethe-Institut Salvador-Bahia
Apoio Financeiro: Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda
Parceria: Associação Conexões Criativas
Realização: Dimenti Produções Culturais
www.icencontrodeartes.com.br
www.facebook.com/icencontrodeartes | www.instagram.com/icencontrodeartes
 
PARA FOTOS, VÍDEOS E CONTEÚDOS DIGITAIS, incluindo sinopses na íntegra dos espetáculos, ACESSE: http://bit.ly/IC12imprensa
 
PROGRAMAÇÃO IC12 – 21 a 26 de agosto
 
Quando Quebra Queima – ColetivA Ocupação (SP)
Onde: Teatro Experimental (Escola de Dança da UFBA) | Quando: 21/8 e 22/8 (ter e qua), 19h
Classificação indicativa: Livre | Quanto: R$ 20 e R$ 10
“Quando Quebra Queima” é um espetáculo construído por estudantes que viveram o processo de ocupações de escolas em São Paulo, em 2015 e 2016, em colaboração com a diretora Martha Kiss Perrone. Fruto da primavera secundarista, 14 corpos insurgentes deslocam para a cena a experiência dentro das escolas ocupadas, criando uma narrativa coletiva e comum a partir da perspectiva de quem viveu o dia a dia dentro do movimento.
 
Ocupação LUTO – Talitha Andrade (BA)
Onde: Goethe-Institut Salvador-Bahia | Quando: 22/8 (qua), 20h
Classificação indicativa: 14 anos | Quanto: Gratuito
Munida de conceitos como guerrilha, artivismo, arte urbana, feminismo, Latino-América e resistência, a série LUTO emerge como prática visual de guerrilha urbana feminista, principalmente na cidade de Salvador. Talitha Andrade transpõe desdobramentos desta intervenção urbana para compor a identidade visual do IC12 e para criação de uma nova obra.
 
Domínio Público – Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz (SP)
Onde: Teatro do Goethe-Institut Salvador-Bahia | Quando: 22/8 e 23/8 (qua e qui), 21h
Classificação indicativa: Livre | Quanto: R$ 20 e R$ 10
Em 2017, os artistas Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz foram objeto de acalorados debates em torno da liberdade de expressão, censura e limites na arte. Em “Domínio Público”, os quatro se juntam para uma reflexão a partir dos ataques sofridos, tomando como ponto de partida um dos ícones da história da arte e revelando como uma obra pode ser utilizada em diferentes narrativas ao longo dos tempos.
 
QUASEILHAS – ÀRÀKÁ – Plataforma de Criação em Arte (BA)
Onde: Forte do Barbalho | Quando: 23/8 e 24/8 (qui e sex), 19h
Classificação indicativa: 14 anos | Quanto: R$ 20 e R$ 10
 “QUASEILHAS”, obra autoral do artista Diego Pinheiro, se motiva numa densa pesquisa sobre o tempo aliado à memória afro-diaspórica, tendo como eixo as memórias familiares e negras do diretor e dos artistas corpo (alárìnjó). Propõe a criação de performatividades dentro das lacunas dessas memórias. É a primeira obra cênica autoral brasileira integralmente em idioma africano, o yorùbá.
 
Desfile Daspu e Linn da Quebrada – Linn da Quebrada (SP), Daspu (SP) e DJ Dolores (PE)
Onde: Estacionamento do Goethe-Institut Salvador-Bahia | Quando: 24/8 (sex), 20h
Classificação indicativa: 18 anos | Quanto: R$ 20 e R$ 10
10% da bilheteria serão revertidos para a Daspu e o Casarão da Diversidade
Um puta encontro entre moda, performance e música num desfile-show para ampliarmos e celebrarmos outrxs paradigmas sexuais, de gênero e corpo. O desfile da Daspu, ao som de DJ Dolores, irá abrir o show de Linn da Quebrada, artista multimídia, bixa travesty, que vem se destacando na música e na militância política nacional e internacionalmente. Um convite à celebração e arma de combate a preconceitos.
 
Anarchy – Societat Doctor Alonso (ESP)
Onde: Teatro do Goethe-Institut Salvador-Bahia | Quando: 25/8 e 26/8 (sáb e dom), 19h
Classificação indicativa: 12 anos | Quanto: R$ 20 e R$ 10
Um experimento no caos e na ordem, que assume que o poder não é de forma alguma simples. Nascemos amarrados às circunstâncias e, desde a mais tenra infância, dependemos dos outros para necessidades vitais. Dependemos do público, e também dos teatros e governos, para que nosso trabalho seja visto. No entanto, o que é essencialmente uma interdependência social não faz nem o público nem os teatros ou os governos nossos mestres. A arte é um meio em que podemos experimentar ou reproduzir certos estados, certas suposições.
 
RASHA BATALHA – RaSHa SHow (PI)
Onde: Pátio do Goethe-Institut Salvador-Bahia | Quando: 25/8 (sáb), 20h
Classificação indicativa: 18 anos | Quanto: Gratuito
Um racha que toma emprestado e amplia os sentidos de uma manifestação presente nas batalhas de breaking. Um acontecimento que borra os limites entre festa, batalha e espetáculo. Uma batalha que envolve BBoys, BGirls, drags, manas, monas e bixas em geral, contra os corpos estáveis e dominantes, contra o controle sobre nossos corpos, o preconceito e a hipocrisia. Um grito dançado, revolução descontraída, estética da liberdade. Poder aos corpos periféricos!
 
Festa! – DJ Nai Sena (BA)
Onde: Pátio do Goethe-Institut Salvador-Bahia | Quando: 25/8 (sáb), 21h
Classificação indicativa: 18 anos | Quanto: Gratuito
Para dançar na noite de sábado, porque festejar e ser feliz são dos mais potentes atos políticos! A pista fica nas mãos de Nai Sena, mulher, preta e DJ, que iniciou sua carreira musical no movimento Hip Hop e logo ganhou destaque na cena com seus sets dançantes marcados pela Black Music.
 
Urutau - Artivismo Indígena Em Contexto Urbano – José Urutau Guajajara e Potyra Krikati (RJ/MA)
Onde: Goethe-Institut Salvador-Bahia | Quando: 26/8 (dom), 16h
Classificação indicativa: Livre | Quanto: Gratuito
Filme, conversa e rito mediados por Urutau Guajajara, um dos grandes líderes no movimento pelos direitos indígenas na cidade do Rio de Janeiro, ao lado de Potyra Krikati. Às vésperas da Copa do Mundo da FIFA de 2014, Urutau permaneceu 26 horas no topo de uma árvore em resistência ao despejo ilegal da Aldeia Maracanã. Esse ato gerou a palestra-performance “Ocupa Árvore”, junto a Flavia Meireles. Nesta nova ação, são tangenciados assuntos como remoções, táticas de resistência, circulações territoriais, subjetivas e modos de existência do índio urbano.

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