Hito Steyerl não se deixa enquadrar facilmente em nenhum gênero artístico: é cineasta, artista visual e escritora. Com suas obras de crítica social, alcançou reconhecimento internacional.
Seu percurso acadêmico já mostra a abertura e diversificação artística e temática de Hito Steyerl: na Academia de Artes Visuais de Tóquio e na Escola Superior de Televisão e Cinema de Munique, a artista estudou cinema e direção de filmes documentários; na Academia de Belas-Artes de Viena, doutorou-se em Filosofia. Hoje, ensina Arte Midiática (New Media Art) na Universidade das Artes de Berlim (UdK).
Seus primeiros passos no cinema foram dados ao lado de Wim Wenders: ela trabalhou com o diretor em seu filme Até o fim do mundo (1990-1991). Hoje seus documentários ensaísticos de curta ou longa-metragem estão entre as mídias que prefere para se expressar. Neles ela trata de temas como racismo e antissemitismo na Alemanha depois da reunificação, ou discute filmicamente o processo de reestruturação urbana no exemplo da Potsdamer Platz, em Berlim (Die leere Mitte – O Centro vazio –, 1998).
Inteligentes análises sociais
Em seus filmes e instalações mais recentes, dos quais muitos foram exibidos em festivais de cinema ou exposições de arte, como a documenta de Kassel ou a Bienal de Veneza, a artista trata da globalização, das interseções entre economia e política, bem como das condições de produção e trabalho. Seus filmes e videoinstalações mostram imagens da sociedade de forma inteligente, clara e não sem provocação.
Videoinstalação de Hito Steyerl, “Factory in the Sun” (Fábrica ao sol), no pavilhão alemão da Bienal de Veneza, 2015.
| Foto (detalhe): © picture alliance/dpa/Felix Hörhager
Ela também investiga temas sociais em textos, discutindo como escritora, por exemplo, questões atuais sobre pós-colonialismo e feminismo. Dentre os temas em que se concentra também constam inteligência artificial, vigilância e capitalismo de dados. E ela não faz isso apenas na arte, mas também é cofundadora do Research Center for Proxy Politics (Centro de Pesquisa sobre Política de Representação) na Universidade das Artes, que pesquisa sobre a forma de funcionamento das redes midiáticas.
“Uma das mais importantes posições”
Recentemente, o K21 de Düsseldorf, que abriga a Coleção de Arte da Renânia do Norte-Vestfália, honrou a artista hoje radicada em Berlim com um grande panorama de sua obra. Nela, a galeria exibiu os materiais fílmicos produzidos pela artista de 1994 a 2020, entre eles vídeos com duração de poucos minutos e obras de uma hora, bem como a instalação multimídia SocialSim, desenvolvida especialmente para a exposição. A instalação se refere, entre outros, às distorções sociais e condições da produção artística sob as circunstâncias pandêmicas, bem como questiona criticamente como digitalidade, simulação e inteligência artificial influenciam a criatividade artística. Para Susanne Gaensheimer, diretora da Coleção de Arte da Renânia do Norte-Vestfália, é também graças a obras como essa que Steyerl ocupa “atualmente uma das mais importantes posições internacionais, quando se trata da reflexão sobre o papel social da arte e dos museus, da experimentação com formas de apresentação de mídia e do debate crítico sobre dados e a utilização da inteligência artificial”.
Não apenas sua arte, mas também sua opinião é valorizada: Hito Steyerl em um painel da conferência DLD18 (Digital-Life-Design), em Munique, 2018.
| Foto (detalhe): © picture alliance/Andreas Gebert
Maio de 2021