Humboldt e o recorde de altitude  A escalada do
vulcão Chimborazo

Eine botanische Karte des Vulkans Chimborazo
Als Teil seiner Expedition zeichnete Humboldt eine botanische Karte des Vulkans Chimborazo Wikimedia, Public Domain
Alexander von Humboldt tinha planejado, na realidade, uma volta ao mundo. Em vez disso, acabou viajando pelas Américas entre 1799 e 1804. Para a sorte dele. E também para nossa sorte. A escalada do vulcão inativo Chimborazo, nos Andes, ao lado de seu companheiro de viagem Aimé Bonpland, o botânico e médico francês, e de Carlos Montúfar, um nobre nascido no Equador, gerou resultados de pesquisa significativos que até hoje marcam nossa compreensão a respeito das zonas de vegetação da Terra. Mesmo que Humboldt e seus companheiros em 1802 não tenham conseguido chegar ao topo do monte de aproximadamente 6.263 metros de altura, tendo retornado dos 5.917 metros, essa escalada permaneceu recorde durante muito tempo.

Luis Miguel Campos como Carlos Montúfar e Jan Josef Liefers como Alexander von Humboldt Luis Miguel Campos como Carlos Montúfar e Jan Josef Liefers como Alexander von Humboldt | ©DEFA-Stiftung/Wolfgang Ebert, Dietram Kleist
Adaptação para as telas
A subida ao Chimborazo, na época considerado o pico mais alto do mundo, bem como a maneira como Humboldt e seus parceiros resolveram escalá-lo, serviu de base para um roteiro levado às telas pelo diretor Rainer Simon em 1989. Ainda nos tempos de Alemanha Oriental, foram feitas imagens em locações originais para esse filme que evidencia todas as intempéries enfrentadas por Humboldt e seus acompanhantes: o frio cortante, equipamentos de época, falta de luvas, vertigens, enjoos e sangramentos – ou seja, pior impossível.

Do filme <i> A Ascensão do Chimborazo </ i> Do filme A Ascensão do Chimborazo | ©DEFA-Stiftung/Wolfgang Ebert, Dietram Kleist
Humboldt como exemplo
Michael Martin, geógrafo alemão e conhecido fotógrafo de desertos, escalou o Chimborazo em 2017 como parte integrante de seu projeto global de fotografia intitulado “Planeta Terra”, a ser publicado em 2020. A inspiração vem de Humboldt com sua escalada do vulcão, que Martin conheceu através do livro Alexander von Humboldt und die Erfindung der Natur (Alexander von Humboldt e a invenção da natureza), de Andrea Wulf. O próprio fotógrafo descreve seus motivos:

„Essa montanha deu a Humboldt a ideia para as zonas climáticas por altitude. E é o ponto mais distante do centro da Terra“
Michael Martin
Martin fala da escalada de Humboldt como um “ato incrível de força e vontade”. Em 2017, ao subir o mesmo monte, o fotógrafo se lembrou do primeiro escalador da história, “sobretudo porque tivemos que retornar exatamente da mesma altura. Admiro o que Humboldt conseguiu, principalmente porque seu equipamento na época era muito deficitário”. No Chimborazo, a altitude é o que torna tudo mais difícil, segundo Martin. A falta de oxigênio, mas também a neve e os ventos foram os fatores responsáveis pelo retorno de sua equipe antes de atingir o topo.

Escalar para conhecer

No site do semanário alemão Der Spiegel, o fotógrafo Martin escreve sobre sua escalada:

„Passagens de escalada exigem ganchos de ferro, picareta e corda. Sem um guia, o Chimborazo só pode ser enfrentado por escaladores muito experientes.“
Michael Martin


E o famoso naturalista Humboldt tinha essa experiência, tendo sido considerando até mesmo um dos mais experientes escaladores de montanhas do mundo. E isso em uma época em que essa atividade ainda não estava em moda. Antes de sua viagem para as Américas, Humboldt já havia escalado muitas montanhas, sobretudo como treinamento para as grandes altitudes, onde ele pretendia realizar diferentes medições. Durante o período de preparação para a viagem às Américas, ele já havia passado pelos Alpes austríaco-alemães em 1797 – propositalmente nos meses de inverno, já que os Andes também estariam cobertos de neve e gelo durante sua passagem por lá. Nessa ocasião, Humboldt conheceu o entorno de Salzburgo, Berchtesgaden e a região em torno do pico Watzmann, de 2.713 metros de altitude. Hoje, é praticamente impossível imaginar as dificuldades pelas quais o naturalista de 32 anos e seus acompanhantes passaram naquele momento.


Inconfundíveis são os sinais de altura e frio Inconfundíveis são os sinais de altura e frio | ©DEFA-Stiftung/Wolfgang Ebert, Dietram Kleist
A vontade e o impulso de pesquisador de Humboldt aparentemente não tinham limites. A autora Andrea Wulf descreve em seu livro:
 
„Apesar de todas as dificuldades, Humboldt sempre conseguia reunir energia suficiente para armar seus instrumentos em intervalos de centenas de metros. Sob um vento gélido, os instrumentos de latão ficavam tão frios que se tornava praticamente impossível manusear parafusos finos e alavancas com mãos quase congeladas“
Andrea Wulf
O próprio Humboldt descreveu assim:
 
“Subimos mais, […] mas o frio aumentava a cada passo. A respiração também era muito dificultada, e mais desagradável ainda era que todos sentiam enjoo, ânsia de vômito. […] Além disso, nossas gengivas e lábios sangravam. O branco de nossos olhos se enchia de sangue. No caso de Montúfar, que tinha mias sangue em seu corpo, os fenômenos eram piores ainda.”
Alexander von Humboldt

Um quadro da natureza famoso

Em seu Naturgemälde (Quadro da natureza), o Tableau physique des Andes et Pays voisins de 1807, Humboldt registrou os resultados de sua viagem de pesquisa. O quadro mostra um corte transversal do Chimborazo e do continente sul-americano. Inúmeras espécies de plantas são classificadas em zonas climáticas, e a natureza é apresentada como unidade de diversas relações e conexões.

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