“A natureza das coisas”  Humboldt e a arte contemporânea na América Latina

José Luis Bongore, Ailleurs: Soacha, 2014
José Luis Bongore, Ailleurs: Soacha, 2014 Foto: Jana Burbach.

Convicto de que “tudo está conectado com tudo”, Alexander von Humboldt esteve à frente de seu tempo. Na América Latina, os 250 anos do naturalista alemão estão sendo celebrados com a série de eventos “Humboldt e as Américas” do Goethe-Institut. Em Bogotá, as comemorações foram abertas com a exposição “A natureza das coisas: Humboldt, idas e vindas”.

Na Colômbia, o principal evento em homenagem a Alexander von Humboldt é a exposição A natureza das coisas: Humboldt, idas e vindas, uma cooperação entre o Goethe-Institut e a Direção do Patrimônio Cultural da Universidade Nacional da Colômbia. O curador Halim Badawi dividiu a mostra em sete diálogos e um epílogo, em um percurso que passa pelas quatro salas do Museu de Arte da Universidade Nacional da Colômbia. Aproximadamente cem obras de mais de 40 artistas contemporâneos e do passado dialogam com a tradição visual humboldtiana – uma tradição que, mesmo tendo estado ausente da história da arte, deixou rastros marcantes na arte do nosso tempo, como salienta Badawi.

Ser humano e meio ambiente

Entre os artistas contemporâneos com obras expostas destacam-se os colombianos José Alejandro Restrepo, Liliana Sánchez, Carlos Motta, Antonio Bermúdez e David Guarnizo e o espanhol José Luis Bongore, que realizaram obras comissionadas para a mostra. Esta cuidadosa e acertada seleção de artistas permite ao público compreender algumas das principais ideias humboldtianas em torno da “experiência da natureza, da relação entre o ser humano e o meio ambiente”, como aponta Badawi. Ao mesmo tempo, é mostrado como a ciência iluminista e a ideia de desenvolvimento também aparecem em contextos neocoloniais e atividades econômicas que se dirigem contra a vida, o homem e a natureza.
  • David Guarnizo, Expedição aos vulcões Toluca, Popocatepetl e Iztacihuatl Foto: Urniator Studio. Cortesía.
    David Guarnizo, Expedição aos vulcões Toluca, Popocatepetl e Iztacihuatl
  • Gianfranco Foschino, A New Landscape, 2016 Foto: Jana Burbach.
    Gianfranco Foschino, A New Landscape, 2016
  • Liliana Sánchez, Vorágine, 2008-2019 | Foto: Jana Burbach.
    Liliana Sánchez, Vorágine, 2008-2019
  • Jean Carlos Lucumi, O carregador, Performance frente à videoinstalação de José Luis Bongore Foto: Urniator Studio. Cortesia do artista.
    Jean Carlos Lucumi, O carregador, Performance frente à videoinstalação de José Luis Bongore
  • José Luis Bongore, Ailleurs: Soacha, 2014 | Foto: Jana Burbach.
    José Luis Bongore, Ailleurs: Soacha, 2014
  • Camilo Echavarría, Cauca, 2013 | © Jana Burbach.
    Camilo Echavarría, Cauca, 2013
  • José Alejandro Restrepo, O crocodilo de Hegel não é o crocodilo de Humboldt, 1994 (detalhe) Foto: Jana Burbach.
    José Alejandro Restrepo, O crocodilo de Hegel não é o crocodilo de Humboldt, 1994 (detalhe)
  • José Alejandro Restrepo, Passo do Quindío nos Andes Foto: Jana Burbach.
    José Alejandro Restrepo, Passo do Quindío nos Andes

Uma perspectiva decolonial

A partir desta reflexão, a plataforma internacional de arte Experimenta/Sur foi convidada para integrar a exposição com um projeto inspirado em Humboldt. Organizada, em sua oitava edição, pelo Goethe-Institut da Colômbia e pelo Mapa Teatro, com apoio da Fundação Siemens e do Ministério colombiano da Cultura, a Experimenta/Sur contou com mais de 30 artistas, pensadores e narradores que abordaram o legado científico, visual e literário de Humboldt e se inspiraram nas propostas de outros artistas presentes na exposição. Além disso, os artistas refletiram sobre o que não foi dito sobre Humboldt, sobre os silêncios de um homem de notável eloquência escrita e histórica, alcançando, através de propostas transdisciplinares, críticas e audaciosas, uma reinterpretação holística dos discursos sobre a conexão entre a natureza e o ser.
 
Este trabalho de artes plásticas, cênicas e visuais, posto em diálogo com o legado humboldtiano, incentivou os artistas a repensar a relação entre arte, ciência e natureza a partir de uma perspectiva decolonial. Assim, as lógicas de dominação capitalista e heteropatriarcal acabaram sendo questionadas.
 
A exposição “A natureza das coisas: Humboldt, idas e vindas”  pode ser vista no Museu de Arte da Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, até o dia 6 de junho de 2019.

 

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