PATRIMÔNIO MUNDIAL BAUHAUS  Espaço experimental da modernidade

Prédio da Bauhaus em Dessau | Walter Gropius | 1925-26
Prédio da Bauhaus em Dessau | Walter Gropius | 1925-26 Foto (detalhe): Tadashi Okochi © Pen Magazine | 2010 | Fundação Bauhaus Dessau

Praticamente nenhuma outra escola de artes alcançou uma fama mundial tão ampla nos campos da arte, arquitetura e design do século 20 quanto a Bauhaus, fundada em 1919 por Walter Gropius. Em 1925, a Bauhaus se mudou de Weimar para Dessau e obteve um prédio próprio, com oficinas, residências para estudantes e docentes, assim como para os catedráticos, que eram chamados de “mestres”. Hoje, a Bauhaus, com suas “moradias de mestres” em Dessau-Rosslau, é patrimônio mundial tombado pela Unesco.

O ser humano e a tecnologia, a relação entre a indústria e a ciência, e a modernização da cidade de Dessau foram os novos princípios orientadores dos anos 1920, que levaram políticos como Fritz Hesse, o prefeito liberal de Dessau, a dar boas-vindas na cidade à escola de artes banida de Weimar. Em 1924, as primeiras conversas a respeito da mudança foram realizadas com o diretor da Bauhaus, Walter Gropius, e o Meisterrat, o conselho de mestres. Um ano depois, as aulas já começavam em Dessau e, em dezembro de 1926, era inaugurado o novo prédio da escola, com mais de mil convidados.

OUSADIA E TRANSPARÊNCIA

A cidade de Dessau, na condição de coordenadora do projeto de construção, disponibilizou os recursos financeiros tanto para o terreno, localizado em uma área livre no noroeste da antiga residência real, próximo à estação ferroviária, quanto para erguer o novo prédio da escola e das casas que serviam de moradias dos mestres, as Meisterhäuser. Até hoje, a cidade é proprietária de todos os prédios da Bauhaus. O planejamento para a nova contrução ficou a cargo do escritório de Walter Gropius, sob responsabilidade dos arquitetos Carl Fieger e Ernst Neufert, que também se envolveram no design.

Prédio da Bauhaus em Dessau | Walter Gropius | 1925-26 Prédio da Bauhaus em Dessau | Walter Gropius | 1925-26 | | Foto: Tadashi Okochi © Pen Magazine | 2010 | Fundação Bauhaus Dessau Gropius tinha finalmente recebido a chance de erigir um prédio escolar de acordo com suas próprias concepções. A ousadia e a transparência tecnicamente elegante de seu trabalho de estreia, a Fábrica Fagus, em Alfeld, em que Walter Gropius e Adolf Meyer instalaram a chamada “curtain wall”, uma fachada frontal envidraçada, também caracterizam o prédio da Bauhaus em Dessau. Geometricamente claro e tranquilo, todo o complexo estrutura-se em transições suaves de ligações verticais e horizontais, áreas rebocadas, janelas em fita, fachadas perfuradas e imensas paredes de vidro.

Prédio da Bauhaus em Dessau | Walter Gropius | 1925-26 Prédio da Bauhaus em Dessau | Walter Gropius | 1925-26 | Foto: Tadashi Okochi © Pen Magazine | 2010 | Fundação Bauhaus Dessau Porém, não há uma vista principal. Para compreender completamente a construção, é preciso atravessá-la e andar a seu redor. A asa da oficina envidraçada de três andares é especialmente expressiva. Através de uma ponte de dois andares, em que ficavam escritórios e salas de administração, ela é ligada à ala de um prédio da mesma altura, que abrigava a escola de artes e artesanato. Um prédio de um andar, com restaurante universitário, auditório e palco, fica entre a ala de oficinas e o prédio de cinco andares de ateliês, o chamado Prellerhaus, com suas marcantes e salientes sacadas. Originalmente, havia ali 28 ateliês-moradias para estudantes e jovens mestres. As oficinas da Bauhaus foram responsáveis pelo design e pela decoração de todos os interiores.

ARTE E INDÚSTRIA

Alguns antigos estudantes de Weimar assumiram as oficinas de Dessau, na qualidade de jovens mestres. Herbert Bayer dirigia, por exemplo, a oficina de impressão e propaganda; Marcel Breuer, a marcenaria. Ainda havia oficinas de metal, tecelagem, pintura de paredes, escultura e palco. Em Dessau, a Bauhaus seguia um programa diverso, em que indústria e ciência ganharam importância para o design. A escola empenhava-se em produzir em série os novos produtos que desenvolvia.

Meisterhaus Muche/Schlemmer | Dessau | Walter Gropius | 1925-26 Meisterhaus Muche/Schlemmer | Dessau | Walter Gropius | 1925-26 | Foto: Yvonne Tenschert | 2011 | Fundação Bauhaus Dessau Porém, a virada política, com a tomada do poder pelos nazistas na Saxônia-Anhalt, levou novamente a um fim abrupto das atividades da escola. Já em 1931, a Bauhaus, considerada “uma tocha incendiária de Moscou” (Alexander von Senger), foi fadada a ser fechada e demolida. Em 1932, as atividades da escola foram transferidas para Berlim e, em 1933, encerradas, depois de uma ação da Gestapo, a polícia política do regime nazista.

A BAUHAUS VIVE

Em Dessau, a Bauhaus continuou de pé, mas foi seriamente danificada por ataques aéreos durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1960, os primeiros planos para sua reconstrução feitos por Konrad Püschel, antigo discípulo da Bauhaus, nunca saíram do papel. Em 1974, o prédio da Bauhaus foi colocado na lista da Alemanha Oriental de monumentos históricos de valor nacional e internacional e, dois anos depois, iniciou-se uma reconstrução abrangente. Com a instalação de um centro de ciência e cultura, foi iniciada a revitalização do conceito da Bauhaus, a que se seguiu, em 1994, a criação da Fundação Bauhaus. Em 1996, o prédio da Bauhaus em Dessau, assim como as Meistehäuser e os prédios em Weimar foram inseridos na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.

A Fundação Bauhaus cumpre uma missão artística e científica e dedica-se a estudar, coletar e comunicar a ideia da Bauhaus e do diálogo entre arquitetura, design e arte no século 21. Mais de 100 mil visitantes provenientes de todo o mundo são recebidos anualmente em Dessau.

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