Futuro verde  Gente de visão

 © Anna Azevedo
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De quem se propõe a mudar o mundo: sete cientistas, ativistas, empresários e empresárias da Alemanha que se empenham por um mundo mais sustentável e trabalham ativamente na concretização de seus sonhos para o futuro.

Heike Freund: a da energia de fusão

A engenheira industrial e especialista em tecnologia laser Heike Freund trabalha por uma visão já bem conhecida e ainda muito atual para o futuro da geração de energia livre de CO2: o sonho da energia de fusão. O objetivo da startup Marvel Fusion, de Munique, da qual Freund é diretora, não é nada menos que revolucionar a geração de energia. Atualmente, uma equipe internacional de cientistas que estudam a fusão e especialistas das áreas de tecnologia laser e nanotecnologia está preparando um reator experimental. O combustível que pretendem utilizar – hidrogênio-1 e boro-11 – não deve criar lixo radioativo. “A energia de fusão pode mudar o mundo. Ela é uma fonte de energia segura e limpa que poderia atender à demanda de energia do mundo”, diz Freund, esclarecendo sua fascinação por esta forma de geração de energia.

A cientista e empresária Heike Freund está convencida de que a geração de energia pode ser revolucionada. A cientista e empresária Heike Freund está convencida de que a geração de energia pode ser revolucionada. | Foto (detalle): Picture Alliance / SZ Photo / Friedrich Bungert

Harald Welzer: o dos contramodelos

Os últimos 120 anos, a quantidade dos objetos feitos pelo ser humano tem duplicado a aproximadamente cada 20 anos. “O mundo está se transformando com uma velocidade cada vez maior de natural para artificial, ou melhor: de vivo para morto”, é o comentário do sociólogo e professor de Design de Transformação Harald Welzer sobre a tendência. Há décadas, o autor de best-sellers vem criticando a mania de desperdício de nossa sociedade. Ao mesmo tempo, Welzer é inabalável em sua busca de visões positivas para o futuro: sua fundação Futurzwei compila exemplos de pequenas e grandes utopias e contramodelos para o capitalismo do desperdício que existem na vida real. Um “mapa de sucessos” nos convida a conhecer centenas de projetos sustentáveis em todo o território de língua alemã – de fábricas químicas que não utilizam óleo mineral até o coméricio justo de mouses de computador.

O sociólogo Harald Welzer também é um convidado frequente de programas de debates, como aqui no do apresentador Markus Lanz em 2020. O sociólogo Harald Welzer também é um convidado frequente de programas de debates, como aqui no do apresentador Markus Lanz em 2020. | Foto (detalhe): © picture alliance/Geisler-Fotopress/gbrci

Oliver Riedel: reciclando a reciclagem

Oliver Riedel, fundador da Biofabrik, em Dresden, descreve seu título profissional como “chefe executivo otimista”. Desde 2011, sua empresa vem trabalhando em nada menos que a missão de revolucionar a reciclagem de matérias-primas: o grupo Biofabrik desenvolve tecnologias sustentáveis para gerar energia, produzir alimentos e descartar lixo. Riedel teve seu momento de clareza quando se conscientizou, durante uma viagem de motocicleta pela Índia, da forma como os países em desenvolvimento lidam com o plástico: “Lá, tive a ideia de que deveríamos abordar tudo isso de forma descentralizada. Distanciar-nos das grandes fábricas e nos movimentar em direção a pequenos contêineres localizados nas proximidades das pequenas cidades. Ali, as pessoas ganham dinheiro para trazer o lixo de plástico com o qual novos produtos são confeccionados”. Com suas soluções baseadas em contêineres para países em desenvolvimento, Riedel e sua equipe querem matar vários coelhos com uma só cajadada: redução de lixo, reciclagem e upcycling de resíduos para produzir energia e combustível e uma renda segura para quem coleta o lixo. E, para diminuir a utilização de matérias-primas fósseis, a Biofabrik desenvolveu paralelamente um adubo líquido 100% orgânico à base de capim de pasto.

Oliver Riedel, fundador da Biofabrik, em uma unidade “WastX Plastic”, onde o lixo de plástico é processado para se transformar em óleo. Oliver Riedel, fundador da Biofabrik, em uma unidade “WastX Plastic”, onde o lixo de plástico é processado para se transformar em óleo. | Foto (detalhe): © picture alliance/dpa/dpa-Zentralbild/Robert Michael

Christoph Meinel: o da nuvem

Christoph Meinel é, na verdade, cientista de computação e professor de Tecnologia da Informação. Como diretor do Instituto Hasso Plattner, em Potsdam, o que o fascina sobretudo é o potencial das modernas tecnologias de comunicação para a educação digital: “Utilizar esse potencial é uma importante missão social”. A plataforma openHPI, desenvolvida por seu instituto, oferece acesso gratuito aos chamados MOOCs (Massive Open Online Courses – cursos online abertos e massivos), nos quais centenas de milhares de participantes já aprenderam pela internet conteúdos de educação superior transmitidos de forma facilmente compreensível. A visão de Meinel e da openHPI é oferecer uma educação geral digital para todas as pessoas – gratuitamente.

Educação geral digital para todas as pessoas: com este objetivo, Christoph Meinel, decano da Universidade de Potsdam, fundou a plataforma de educação openHPI. Educação geral digital para todas as pessoas: com este objetivo, Christoph Meinel, decano da Universidade de Potsdam, fundou a plataforma de educação openHPI. | Foto (detalhe): © HPI / Kay Herschelmann

Aida Schreiber: a eletrificadora

Sempre viajando, sobretudo no Mali e na Nigéria: os contêineres solares móveis de Aida Schreiber e seu marido Torsten abastecem dúzias de vilarejos com energia ecológica. | Foto: © Africa GreenTec Sempre viajando, sobretudo no Mali e na Nigéria: os contêineres solares móveis de Aida Schreiber e seu marido Torsten abastecem dúzias de vilarejos com energia ecológica. | Foto: © Africa GreenTec | Foto: © Africa GreenTec Em 2014, Aida Schreiber e seu marido Torsten viajavam pelo Mali, país de origem de Aida. Quando observaram quanta eletricidade era produzida por dispendiosos geradores a diesel, o casal consciente do clima teve uma nítida percepção: o esforço para proteger o clima começa na África Subsaariana, onde mais da metade da população não está conectada à rede elétrica. No entanto, energia elétrica favorável ao clima é uma condição básica para proporcionar uma perspectiva à população local. Nos locais onde há acesso à eletricidade, a vidas das pessoas melhora, criam-se pequenas empresas e geram-se empregos. Aida Schreiber e seu marido tomaram a iniciativa e fundaram a Africa GreenTec. A empresa produz contêineres solares móveis que podem ser montados em apenas dois dias e são baratos na aquisição. Hoje, dúzias de vilarejos são abastecidos com energia desta forma, sobretudo no Mali e na Nigéria. A visão da Africa GreenTec é proporcionar mesmo nas regiões mais remotas o acesso à energia produzida de forma sustentável.

Felix Finkbeiner: o plantador de árvores

No quarto ano da escola, Felix Finkbeiner fez uma apresentação sobre a mudança climática e tentou motivar colegas de escola a plantar árvores. Dito e feito – este foi o nascimento da iniciativa Plant-for-the-Planet. Graças a seu projeto, três anos depois já haviam sido plantadas um milhão de árvores. Em 2011, o menino, que na época tinha 14 anos, discursou na Assembleia Geral da Nações Unidas. “Nós, jovens, sabemos que as pessoas adultas conhecem os desafios e suas soluções. Não entendemos por que se faz tão pouco”, disse na ocasião, tornando-se assim um dos mais importantes precursores do movimento Fridays For Future. A Plant-for-the-Planet continua ativa e em constante crescimento, organizando workshops e motivanto pessoas no mundo inteiro a fazer doações para novas árvores. Até hoje, a Plant-for-the-Planet e organizações parceiras devem ter plantado mais de 77 milhões de árvores.
Felix Finkbeiner é um dos precursores mais importantes do movimento Fridays For Future. Felix Finkbeiner é um dos precursores mais importantes do movimento Fridays For Future. | Foto (detalhe): © picture alliance/dpa/Lino Mirgeler

Juliane Kronen: a que organiza doações em espécie

A doutora em Administração de Empresas Juliane Kronen atua no cenário econômico internacional há décadas. Mas hoje seu papel principal é o de fundadora e administradora da innatura – uma empresa que recebe e distribui doações em espécie para fins humanitários. A história da innatura começou em 2011, com 200 mil embalagens de shampoo rotulados erroneamente. Kronen, então consultora empresarial, soube que o fabricante estava tentando desesperadamente se livrar do produto e contactou diversas organizações humanitárias. Mas elas também não sabiam o que fazer com essa enorme quantidade de shampoo. Kronen descobriu que as empresas alemãs jogam fora anualmente um valor equivalente a sete bilhões de euros em produtos recém-saídos da fábrica. Os motivos para isso frequentemente parecem mínimos: uma etiqueta errada, um defeito mínimo de produção, uma ligeira oscilação no volume. Kronen enxergou o potencial econômico, social e ecológico da utilização desses produtos: a innatura coleta tais mercadorias, as armazena e fornece posteriormente por uma pequena taxa a organizações humanitárias. Nos primeiros dois anos, a innatura já pôde fornecer a mais de 300 organizações humanitárias doações em espécie no valor de quase três milhões de euros. Sua motivação? “Percebi que poderia acionar alavancas completamene diferentes do que tentando elevar em mais 0,03% os dividendos de uma empresa cotada na bolsa.”

Dae consultora empresarial a empreendora social: com sua empresa innatura, Juliane Kronen fornece produtos descartados a organizações sem fins lucrativos. Dae consultora empresarial a empreendora social: com sua empresa innatura, Juliane Kronen fornece produtos descartados a organizações sem fins lucrativos. | Foto (detalhe): © Selina Pfrüner

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