Ciclo de Cinema “Memórias Marginalizadas”
A memória histórica na maioria dos países africanos, é um assunto presente, apesar de ser debatido muitas vezes na descrição de vozes “poderosas”.
Para a geração que fez a transição entre a época pré e pós-independência, a relação com esta memória está indiscutivelmente ligada à questão colonial que a grande maioria das pessoas dessa geração viveu de uma forma muito semelhante em vários países africanos.
A estrutura muitas vezes politizada da vida social nos países africanos, carregou consigo mesmo após as independências, episódios com pessoas, lugares, línguas, religião, costumes socioculturais, etc, que foram silenciados por diferentes factos de acordo o contexto de cada país. Essa memória testemunhada pela geração das independências, tem hoje uma presença de marginalização permanente, o que muitas vezes, afasta as gerações mais novas de assuntos “desagradáveis” que nos criam um desconhecimento de muitas camadas das histórias dos nossos países.
O tema das Memórias Marginalizadas na programação de 2025 do Goethe Institut Angola [ano das celebrações dos 50 anos da independência de Angola], surgiu da necessidade da procura e escuta de muitas outras histórias vividas por muitas outras pessoas até aqui marginalizadas por diferentes razões.
Enquadrado nesta programação (que coincide com o 25 de maio, dia de África), o ciclo de cinema surge como uma tela de exibição para 5 histórias africanas com pessoas, lugares e vozes pouco ou nada celebradas no contexto dos seus países. De Angola para o Benin, do Quênia para o Sudão do Sul e até chegar à África do Sul, a seleção destes filmes baseou-se nas histórias marginalizadas que cada um deles apresenta, independentemente do lugar em que aconteceu.
Celebrar África com estas histórias é também reafirmar que elas existem e nos pertencem, mesmo que causem alegrias para uns e tristezas para outros, ou indiferença para muitos, no final, serão sempre as nossas memórias.
É com este contexto, que convidamos o público das cidades de Luanda, de São Tomé, Bahia e Berlim, a juntarem-se a nós neste que será um ciclo de cinema de partilha de uma parte da memória africana.