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Ativismo ambiental
Greve pelo clima na Internet

Quando as manifestações deixam de ser possíveis, os movimentos ambientalistas procuram manifestar o seu protesto de outras formas: seja através da Internet, de janela aberta, ou pelas duas vias ao mesmo tempo.
Foto (detalhe): © picture alliance/Keystone/Alexandra Wey

Desde o início da pandemia do coronavírus, os protestos ambientais passaram a ter lugar sobretudo na Internet. Um panorama do ativismo ambiental no universo online.

De Johannes Zeller

Foi o maior protesto ambientalista da história. No dia 20 de setembro de 2019, milhões de pessoas inundaram as ruas um pouco por todo o mundo para se manifestarem por uma política amiga do ambiente e o respeito pela meta da limitação do aumento da temperatura a 1,5 graus. Só na Alemanha participaram, de acordo com os dados da organização Fridays for Future, cerca de 1,4 milhões de pessoas nesta manifestação global pelo clima, que se juntou sob o hashtag #AllesFürsKlima [TudoPeloClima]. O movimento foi visivelmente reforçado por este hashtag e a organização Fridays for Future passou a convocar protestos semanais. Ninguém suspeitava, na altura, que em breve as grandes aglomerações de pessoas deixariam de ser possíveis por causa da pandemia.

Hashtags combinados com cartazes

Com o início da pandemia do coronavírus, os protestos ambientalistas não deixaram de existir, mas tiveram de se reorganizar. Associações como a Fridays for Future e outros ativistas do movimento ambientalista levaram-nos para o âmbito onde, desde o começo da pandemia, uma grande parte da vida social e laboral estava a decorrer: a Internet.

Os ativistas do movimento ambientalista já antes estavam organizados online, evidentemente, ligados através de apps de mensagens, chats de grupo e videoconferências. As medidas impostas por via da pandemia levaram a que as atividades de protesto fossem também remetidas para a Internet. Os hashtags passaram a estar ainda mais no núcleo das atividades e, em vez de exibir cartazes de protesto em frente a edifícios governamentais, passou-se a exibi-los no Twitter. Sob o hashtag #climastrikeonline, a greve pelo clima continua desde então na Internet, mesmo sem haver protestos em massa nas ruas. A Fridays for Future apelou, através do hashtag #Netzstreikfuersklima [greve na net pelo clima], além disso, a que a greve organizada na net passasse também a ser visível offline, com os meios possíveis em tempos de pandemia: «Vamos trazer os protestos da rua para a rede – vamos colocar os nossos cartazes bem visíveis, à janela, nas caixas do correio, nos locais de trabalho, na árvore à porta de casa, à entrada das lojas ou seja onde for que fiquem bem visíveis!», pode ler-se na página online.

Comunicação online como fator de enriquecimento

Mas não são apenas as greves de rua, há também outras manifestações pelo clima atingidas pelas consequências da pandemia e pelas medidas contra o coronavírus. É o caso do Climate Walk: um grupo de investigadores e ativistas, conhecidos como «Wanderers of Changing Worlds», estão a planear percorrer 12 mil quilómetros a pé pela Europa fora para explorar e se documentarem sobre os efeitos das alterações climáticas. Os resultados irão ser apresentados depois numa exposição itinerante, numa série de conferências e num documentário – é esta a ideia para a qual a equipa tem já recolhido fundos. No entanto, as limitações que permanecem por causa da pandemia tiveram influência na organização do Climate Walk. A data planeada para o início da caminhada, por exemplo, que constitui o núcleo do projeto, poderá mudar a qualquer altura, se, por hipótese, o plano de vacinação não resultar como previsto. «Queremos fazer algumas caminhadas a título de teste com diversos grupos-alvo, entre eles estudantes, mas por causa da pandemia a planificação torna-se, de momento, extremamente difícil», afirma Julia Plattner, da organização Climate Walks.

Por isso, a equipa dos Climate Walks concentra-se de momento nas iniciativas possíveis apesar da pandemia. Atualmente, preparam, em cooperação com a Universidade de Viena, conferências online sobre o tema das alterações climáticas, em que participam cientistas de renome nas áreas das Ciências Naturais e das Ciências Sociais. Globalmente, a equipa consegue, mesmo assim, retirar algo de positivo da situação. A comunicação online entre participantes revelou-se um fator de enriquecimentos valioso para o projeto. O Climate Walk tem parceiros em toda a Europa, que se encontram regularmente via Zoom, muitas vezes em conversas individuais. «Antes as coisas passavam-se sobretudo via e-mail e não eram tão pessoais», resume a coordenadora do projeto Eva Holzinger. A rede criada em torno do Climate Walk cresceu durante a pandemia e as relações reforçaram-se – naturalmente com a perspetiva de um dia poder haver um encontro real.

Apoio crescente para projetos ambientalistas

O ativismo ambientalista pode sair reforçado deste ano de pandemia, algo que se verifica também em plataformas de crowdfunding, como a EcoCrowd. Seja para apoiar o cultivo biológico regenerativo na Turíngia, a construção de poços na Calábria ou um documentário sobre o fator humano nas alterações climáticas – a partir de dez euros, os ativistas podem apoiar os projetos nesta plataforma que fomenta a sustentabilidade ecológica e social. A EcoCrowd foi criada em Berlim, em 2014, e é apoiada pelo Serviço Federal do Ambiente. Os projetos que conseguem obter financiamento por esta via agradecem com trabalho voluntário. Até agora, o contacto offline também ocupou sempre um lugar central no conceito da EcoCrowd: num evento anual, os ativistas reuniam e escolhiam o melhor projeto do ano. Em 2020, esta reunião não teve lugar – apesar disso, foram financiados na plataforma mais projetos ambientais do que nunca.
A equipa da EcoCrowd. Foto (detalhe): © EcoCrowd