O futuro da criatividade

Seja por escreverem de forma hermética ou por utilizarem dialetos difíceis de transportar para outra língua, há autores e autoras que representam desafios acrescidos no trabalho de tradução. Editá-los por vezes pode ser um risco — mas há quem acredite que vale sempre a pena.

Como escrever sobre uma pessoa que não é homem nem mulher? Kim de l’Horizon responde-nos a esta questão no seu romance "Blutbuch" (Livro de Sangue). Em Frankfurt, ao receber o prémio, Kim rapou totalmente a cabeça – e agradeceu à mãe.

Na viagem que um livro percorre até chegar à estante existe um trabalho demorado, que implica decisões a cada passo. Como escolher um livro para editar?

Nas leituras primordiais dos tradutores reside uma janela de oportunidade para que as obras possam percorrer fronteiras e chegar até nós. Nesse aspeto, a formação em tradução de língua alemã assume um papel decisivo.

A tradução é, cada vez mais, entendida como um exercício de “segunda autoria” com uma boa dose de criatividade, mas que não poderia existir sem um conhecimento profundo da língua que se traduz. 

Os tradutores são muitas vezes os atores subestimados da literatura. Para o diálogo entre culturas são imprescindíveis, porque nos deixam participar (e vivenciar, na verdade) na forma de pensar e sentir de outras culturas.

A literatura negra alemã tem uma longa história e engloba um espectro muito grande de obras. No entanto, os autores negros alemães continuam atualmente a ter muito pouca visibilidade, em especial aqueles que se dedicam à ficção.