"Habitar Lisboa" & "Uma Revolução Assim"
Perante a
crise aguda de habitação e as graves consequências da privatização da terra, como subverter o sistema convencional de propriedade para implementar
uma propriedade colectiva de bens comuns? Como podem os arquitectos contribuir para qualificar a compreensão da produção e do cuidado do
habitat coletivo? Pode o design reforçar a pertença à comunidade e aumentar o sentido de lugar?
Para aprofundar os argumentos em torno da propriedade e dos cuidados não especulativos no âmbito da exposição
Habitar Lisboa, convidámos o filósofo francês
Pierre Dardot a desenvolver a atividade prática do Comum e a articular a forma como o Comum se tornou o princípio definidor e uma ferramenta conceptual crítica para os movimentos políticos alternativos no século XXI. A Dardot juntam-se os arquitectos
Joanne Pouzenc e
Alex Römer, do
ConstructLab, que defendem que a união pode ser fomentada através do design e que o nosso objetivo não deve ser apenas construir terrenos comuns, mas sim terrenos de convívio. A conversa é moderada pela crítica e curadora
Julia Albani.
Antes da conversa, às 15h00, haverá uma visita guiada à exposição "Habitar Lisboa" para participantes no evento. A participação é gratuita, mediante inscrição prévia pelo e-mail garagemsul@ccb.pt (máximo 30 participantes).
Pierre Dardot é investigador em filosofia no Laboratoire Sophiapol, Université de Paris-Nanterre. Coordena o grupo de estudo e investigação Questão Marx, fundado em 2004, e do GENA (Groupe d'Etudes sur le Néolibéralisme et les Alternatives), fundado em 2018. Como investigador de renome internacional, foi recentemente convidado pela Universidade de Campinas e Universidade de São Paulo (Brasil), Universidade de Humanismo Cristiano, Universidade de la Frontera, Universidade de Playa Ancha (Chile), Universidade de Buenos Aires, Universidade Nacional de Cuyo, Universidade Nacional da Patagónia San Juan Bosco (Argentina). É doutorado Honoris Causa pela Universidad de Humanismo Cristiano de Chile e pela Universidad de Los Lagos (Chile). As suas publicações incluem:
La nouvelle raison du monde (2010),
Marx, prénom : Karl (2012),
Commun (2014),
Dominer (2020),
Le choix de la guerre civile (2021),
La mémoire du futur (2023), em maioria disponível em Português (Brasil).
Joanne Pouzenc é arquiteta, curadora e escritora. É directora da Maison de l'Architecture Occitanie-Pyrénées, directora da publicação Plan L****, formadora na escola de arquitetura ENSA Toulouse e membro do conselho de administração do Constructlab. O seu doutoramento "Projetar em comum" (Universidade de Toulouse Jean-Jaurès, abril de 2024) explora diferentes princípios para a emergência de práticas espaciais colaborativas com vista à construção de uma sociedade convivial.
Alexander Römer é arquiteto, designer e marceneiro. Iniciou a rede internacional de design-build Constructlab em 2012 como membro do antigo coletivo EXYZT.
ConstructLab é uma rede transnacional que trabalha com comunidades através da arquitetura e do design. Como um laboratório de investigação-ação, experimentação construtiva e criação interdisciplinar, os seus projectos ligam o design e a fabricação, iniciam colaborações com as comunidades locais e destacam o know-how de cada um e de todos, utilizando materiais reciclados, construindo com vista a uma futura reutilização, concentrando-se em soluções simples e de baixa tecnologia que promovem a acessibilidade e a abertura do processo. Entre os seus projectos destacam-se o
Laboratório de Curadoria, Guimarães 2012 ECC;
Casa do Vapor, Cova do Vapor (2013), que deu início à Ensaios & Diálogos Associação;
How Together, um espaço de convívio na Bienal de Arquitetura de Chicago (2019),
Assembleia delle Casette, um projeto participativo durante a Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, em torno dos cuidados de vizinhança e da luta pelo direito à habitação. Acabam de lançar
Convivial Ground Stories from collaborative spatial practices (Jovis, 2023).
Julia Albani é historiadora, curadora e crítica de arte e arquitetura. Trabalhou no Museu Suíço de Arquitetura, na Trienal de Arquitetura de Lisboa, foi co-curadora do Pavilhão de Portugal na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2010 e trabalha desde 2016 no Canadian Centre for Architecture (CCA). É curadora de um próximo festival em torno da questão da habitação,
Uma Revolução Assim (Lisboa, 25.9 - 6.10.2024).
Esta conversa é a primeira de uma série de eventos em torno do Comum, iniciada e organizada pelo Institut Français du Portugal e pelo Goethe-Institut Portugal, em parceria com o Centro de Arquitetura CCB/Garagem Sul, por ocasião da exposição Habitar Lisboa, comissariada por Marta Sequeira, e do próximo festival Uma Revolução Assim - Luta e ficção: A questão da habitação, uma iniciativa do Goethe-Institut Portugal, em parceria com a Culturgest - Fundação Caixa Geral de Depósitos, com curadoria de Julia Albani.
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